DARK personifica o "fio de Ariadne" musical para todos aqueles que, incondicionalmente, apreciam a voz talentosa e versátil da cantora irlandesa Dolores O'Riordan, a egéria do Celtic Rock.
Na forma de acrónimo, o nome desta banda – originariamente denominada de Jetlag – de Rock Alternativo, e de música experimental, representa o acróstico ou anagrama correspondente à onomástica dos três artistas que lhe incutem dinamismo, concretamente a notável intérprete de The Cranberries, e a solo, Dolores O'Riordan, o famoso baixista inglês Andy Rourke, membro da banda The Smiths, e, por fim, o menos conhecido Olé Koretsky, compositor, produtor e DJ no cenário underground da cidade norte-americana de Nova Iorque.
Science Agrees, lançado a 9 de setembro, materializa o álbum de estúdio de estreia de DARK, plasmando uma musicalidade diferente e multifacetada, que revisita o emergir das sonoridades do Rock Alternativo dos anos 80 e 90, sobretudo na sua matriz Britpop, assim como emula os estilos e a envolvência granjeados por outras bandas ou artistas de culto, principalmente Depeche Mode e Pet Shop Boys, mas também algo de David Bowie, The Cure, R.E.M., New Order, entre outros.
As temáticas retratadas em Science Agrees radicam no pasticho e na ontologia pós-moderna. Nesse sentido, as músicas entoam aliterações e metáforas soltas sobre o devir existencial, a psique, as emoções, a vida interior e social, cantam sobre o amor, a morte, o sofrimento, o isolamento, a depressão, a neura, os vícios e dependências, as fobias e os traumas, conforme a índole do Rock Alternativo, aliás, assumem mesmo um tom artístico filosófico, exaltando a criatividade e as suas manifestações culturais – neste caso, a música – como forma de encontrar a luz, o ânimo ou a motivação para sublimar os desafios e as controvérsias das existências mais sombrias.
A musicalidade de Science Agrees suscita a atmosfera introspetiva e melancólica, pecúlio que, no plano instrumental ou polifónico, se repercute no som estranho demodé dos sintetizadores, na omnipresença do contrabaixo de Andy Rourke, na vibração dos coros harmoniosos das guitarras acústicas ou elétricas, nos riffs expressivos – intensos ou compassados – da percussão, acompanhados a preceito pelo fundo sonoro de vocais tanto dóceis quanto melodiosos, duetos interpretados por Dolores O'Riordan e Olé Koretsky. Mais. Esses atributos e marcas de identidade fundem-se com as valências da Música Eletrónica, originando alguns acordes psicadélicos, aspetos que conferem ao álbum uma ligeira atmosfera futurista ou Sci-Fi.
A música experimental, de vanguarda, o registo underground, que caracterizam as canções rubricadas por DARK, induzem sonoridades sofisticadas e misteriosas, bem ao estilo do Art Rock e da Dream-Pop de The Smashing Pumpkins, ou até mesmo de The Cranberries, além de integrarem as tendências da New Wave, sobressaindo o canto por murmúrios ou sussurros elegantes, sugestivos e ternurentos – próprios do Pós-Punk e do Pós-Disco –, apanágio intrínseco quer à subtileza quer à reverberação da voz feminina de Dolores O'Riordan.
Science Agrees alcança scores medianos na metacrítica, vale sobretudo para matar saudades do appeal expresso na voz meiga e inconfundível da exímia cantora irlandesa Dolores O'Riordan. Está claro que a intérprete não oferece a explosão nem o elevado alcance vocal exigidos pelo Celtic Rock, estilo que notabilizou a banda The Cranberries, mas em compensação, mima os fãs com a fluência mística de umas quantas vocalizações moderadas do Canto Celta, o tal fio de Ariadne que faltava, satisfazendo, por enquanto, a ânsia de escutar a voz da artista através de novos trabalhos discográficos.
No alinhamento do álbum, as faixas sonoras Curvy, Gunfight, Steal You Away e Loosen The Noose são as que me proporcionam maior fruição musical.
CA
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