[Spoiler Alert] Medici: Masters of Florence ou simplesmente I Medici, uma boa descoberta de fim de ano, na forma de minissérie, para quem aprecia arte, História, o Renascimento e o Humanismo.
Produzida pela RAI Fiction, transmitida pela RAI 1, em Itália, desde 17 de outubro, contratada a realização da 2.ª temporada, a qualidade e o interesse exibidos por este drama de época e biopic, criados por Frank Spotnitz – produtor de X-Files – e Nicholas Meyer, suscitaram a cobiça da rede de streaming e multimédia Netflix, com difusão em algumas das suas plataformas nacionais, desde 9 de dezembro.
A intriga de I Medici é cativante, apesar de liberdades anacrónicas e de algumas imprecisões históricas. Retrata a ascensão politica e social da Casa dos Médici, na República de Florença, a par da expansão da sua esfera de influência monetária, fiduciária, mercantil e diplomática na Toscana, Lombardia, Repúblicas circunvizinhas do Norte de Itália, Estados Pontifícios, Santa Sé, reino de Nápoles, entre outros interesses financeiros e comerciais no Mediterrâneo e na Europa mais setentrional.
Afortunados pelos lucros da mercancia têxtil, os Médicis tornaram-se banqueiros poderosos e afamados da cristandade Baixo-Medieval e da Renascença.
O drama familiar situa-se a partir de 1429, depois da morte de Giovanni Di Bicci – o grande Pater Familias Médici –, em circunstâncias suspeitas e misteriosas.
Os seus filhos Cosme Il Vecchio (1389-1464) e Lourenço (1395-1440) – interpretados pelos atores Richard Madden e Stuart Martin, ambos ex-Game of Thrones – herdam o legado auspicioso de serem os banqueiros do Papa, procurando fundar e consolidar a dinastia política dos Médici, alicerçada na sua riqueza e prestígio social.
Os seus filhos Cosme Il Vecchio (1389-1464) e Lourenço (1395-1440) – interpretados pelos atores Richard Madden e Stuart Martin, ambos ex-Game of Thrones – herdam o legado auspicioso de serem os banqueiros do Papa, procurando fundar e consolidar a dinastia política dos Médici, alicerçada na sua riqueza e prestígio social.
A minissérie explora a relação entre pai e filhos através de flashbacks. Nesse desígnio, conta com a valência e gabarito cinematográfico do ator Dustin Hoffman, que representa o patriarca Giovanni.
No elenco base, figura ainda a craveira do ator escocês galardoado Brian Cox, no papel de Bernardo Guadagni, o Gonfaloneiro da comuna florentina, porta-estandarte da cidade e porta-voz ilustre da Signoria.
Fazendo jus ao título, a minissérie retrata diversas vertentes da família Médici, enquanto banqueiros, políticos e mecenas das artes, da Renascitas e do Humanismo. Destaca-se a construção do Duomo (cúpula) da catedral Santa Maria del Fiore, de Florença, obra de Fiippo Brunelleschi, sob o patrono de Cosme de Médici, cujos diálogos, tanto pelo teor como pelas referências culturais expressas, criam o subentendido da ligação a Marsílio Ficino, e consequente fundação da Academia Platónica de Florença.
No plano da intriga amorosa, I Medici retrata o matrimónio de Cosme com Contessina de Bardi (Annabel Scholey) – uma das vias de nobilitação para os Médici –, apostando no enredo da História da Vida Privada inerente à relação extraconjugal de Cosme com a escrava/serva circassiana, mãe de um filho bastardo, bem como insinua a "tentação" de Contessina pelo seu amor de juventude e suposto pretendente Ezio, da família veneziana notável Contarini.
Na essência, Medici: Masters of Florence retrata a idade de ouro da família de banqueiros florentinos sob a égide de Cosme Il Vecchio, o artífice do poder dos Médicis.
A minissérie dramatiza o antagonismo entre os Médici e a família aristocrática dos Albizzi na disputa pelo controlo da Signoria, sediada no Palazzo Vecchio, referente ao governo político, financeiro e judicial da República florentina.
Os Albizzi representam a oligarquia e nobreza hereditária, confiantes na fidalguia, nos privilégios e na sociedade de ordens trifuncional, estatuto cada vez mais afetado pela ameaça real da ascensão e, por vezes, nobilitação da burguesia, simbolizada pelos Médici.
Em termos da ação e contexto histórico, I Medici encena um dos surtos de peste negra que assolaram a cidade de Florença na Baixa Idade Média, a aliança entre os Médicis e a família condottieri dos Sforza de Milão, mas sobretudo o exílio de Cosme de Médici na cidade de Veneza, em 1433, banido de Florença, acusado de tirania, e o seu regresso triunfante em 1434: depôs os seus opositores – à cabeça os Albizzi, subsequentemente os Pazzi –, a nova Signoria intitulou-o de Pater Patriae, e assumiu o controlo absoluto da governação, magistraturas e sistema tributário da República florentina, transformando-a num dos centros renascentistas mais brilhantes.
No elenco base, figura ainda a craveira do ator escocês galardoado Brian Cox, no papel de Bernardo Guadagni, o Gonfaloneiro da comuna florentina, porta-estandarte da cidade e porta-voz ilustre da Signoria.
Fazendo jus ao título, a minissérie retrata diversas vertentes da família Médici, enquanto banqueiros, políticos e mecenas das artes, da Renascitas e do Humanismo. Destaca-se a construção do Duomo (cúpula) da catedral Santa Maria del Fiore, de Florença, obra de Fiippo Brunelleschi, sob o patrono de Cosme de Médici, cujos diálogos, tanto pelo teor como pelas referências culturais expressas, criam o subentendido da ligação a Marsílio Ficino, e consequente fundação da Academia Platónica de Florença.
No plano da intriga amorosa, I Medici retrata o matrimónio de Cosme com Contessina de Bardi (Annabel Scholey) – uma das vias de nobilitação para os Médici –, apostando no enredo da História da Vida Privada inerente à relação extraconjugal de Cosme com a escrava/serva circassiana, mãe de um filho bastardo, bem como insinua a "tentação" de Contessina pelo seu amor de juventude e suposto pretendente Ezio, da família veneziana notável Contarini.
Na essência, Medici: Masters of Florence retrata a idade de ouro da família de banqueiros florentinos sob a égide de Cosme Il Vecchio, o artífice do poder dos Médicis.
A minissérie dramatiza o antagonismo entre os Médici e a família aristocrática dos Albizzi na disputa pelo controlo da Signoria, sediada no Palazzo Vecchio, referente ao governo político, financeiro e judicial da República florentina.
Os Albizzi representam a oligarquia e nobreza hereditária, confiantes na fidalguia, nos privilégios e na sociedade de ordens trifuncional, estatuto cada vez mais afetado pela ameaça real da ascensão e, por vezes, nobilitação da burguesia, simbolizada pelos Médici.
Em termos da ação e contexto histórico, I Medici encena um dos surtos de peste negra que assolaram a cidade de Florença na Baixa Idade Média, a aliança entre os Médicis e a família condottieri dos Sforza de Milão, mas sobretudo o exílio de Cosme de Médici na cidade de Veneza, em 1433, banido de Florença, acusado de tirania, e o seu regresso triunfante em 1434: depôs os seus opositores – à cabeça os Albizzi, subsequentemente os Pazzi –, a nova Signoria intitulou-o de Pater Patriae, e assumiu o controlo absoluto da governação, magistraturas e sistema tributário da República florentina, transformando-a num dos centros renascentistas mais brilhantes.
Destaque para a envolvência musical do tema de abertura "Renaissance", interpretado por Skin, visto que capta a essência do espírito de classicismo e da mentalidade antropocêntrica equivalentes ao dinamismo das façanhas dos Médici. Convida à viagem no tempo, inclusive replica o discurso direto de Cosme de Médici: "All those things have given me the greatest satisfaction and contentment because they are not only for the honor of God but are likewise for my own remembrance."
I Medici oferece cenários renascentistas exuberantes através das paisagens citadinas, naturais ou do décor interior dos palacetes. Os locais das filmagens captam a beleza da Toscana em geral e do Vale d'Orcia em particular, bem como a grandiosidade, atratividade dos monumentos e da arquitectura das cidades de Pienza, Pistoia, Florença, Viterbo, Roma e Veneza.
Bem dramatizado e encenado, com cenografias dignas dos melhores roteiros turísticos, Medici: Masters of Florence representa uma boa escolha de entretenimento televisivo, ainda mais para quem pretenda matar saudades de séries históricas de formato semelhante, no estilo de The Borgias (2011-2013) e Da Vinci's Demons (2013-2015).
CA
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