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REMEMBER US TO LIFE – Regina Spektor


Remember Us to Life, lançado em 30 de setembro, personifica o 7.º álbum de estúdio de Regina Spektor, cantora, compositora e pianista russa radicada nos EUA, consolidando o seu talento e notoriedade que lhe valeram inclusive a autoria e interpretação do tema The Call integrado na banda sonora da saga cinematográfica juvenil Crónicas de Nárnia: Príncipe Caspian, bem como You've Got Time, a mais recente "música tema" da reputada série de TV Orange is the New Black, apenas para referir alguns exemplos de mediatismo.

O álbum mantém as características dos trabalhos musicais da artista referentes à matriz Anti-Folk que no caso de Regina Spektor associa-se ao ambiente de East Ville na megalópole Nova Iorquina – e Indie Pop, enquanto sub-género do Rock Alternativo ou derivação do Indie Rock, modeladas e personalizadas por sonoridades provenientes do Folk, Punk, Rock (baladas AOR), R&B e Jazz, a par de polifonias inspiradas na música Clássica, Cultural Russa e Cultural Judaica.

No uso de toda a extensão do seu elevado alcance vocal, Regina conta estórias, descreve pedaços de vida e evoca pensamentos soltos através do estilo musical despretensioso por vezes experimental –, tão simples quanto voz e piano ou o manejo espontâneo de um qualquer instrumento de cordas.
Remember Us to Life sugere a toada teatral e musical da Broadway catalisada em pequenas narrativas vivenciais semelhantes à "Vignette" sobre as dicotomias existenciais da alegria e da tristeza, ao retratar opostos como amor, felicidade e traição, juventude e velhice, amizade e solidão, coragem e medo, verdade, mentira, poder e corrupção, sorrisos e lágrimas. Sobressai o ambiente de urbanidade que prima pelo imaginário do dia-a-dia, afigurando-se por vezes algo melancólico e nostálgico.
A título de gosto pessoal realço o saltitar e miar com a voz exprimidos no "cantarolar" de estórias de vida rubricados pela artista, num misto de "pasticho" e miscelânea que abraçam o signo da pós-modernidade.


Fazendo jus à essência Anti-Folk e Indie Pop, Regina Spektor exibe a musicalidade ou sonoridade no seu cunho mais artesanal e "bruto", respeita as regras, as escalas, as notas, os compassos e as pautas, mas cede ao impulso e à liberdade criativa de aqui e ali cometer algum "delito" que, no caso desta interprete talentosa radica na excentricidade do acorde e entoação atonal, sugestivo da faceta iconoclasta matizada em algumas das suas composições mais rebeldes, aspetos esses que motivam comparações com o emular do som e da voz de Björk. Não obstante, ecoa o tom melodioso indutor de atmosferas simples e inocentes. The Light e Tornadoland são bons exemplos de todas essas trilhas sonoras multifacetadas.

Na realidade, as músicas de Regina S. respiram os seus gostos e horizontes culturais, até porque a artista assume o deleite pela sensibilidade e envolvência clássica suscitados pela obra de Frédéric Chopin (1810-1849) a par da fruição e "magnetismo" motivados pelo som e "entourage" de Bob Dylan, Billie Holiday, Paul McCartney, The Beatles, Radiohead, enquanto referências da sua juventude. 
De igual modo, as narrativas cantadas por Regina assumem feições e influência literária, remetem para autores como Virgínia Woolf (1882-1941); Ezra Pound (1885-1972); Boris Pasternak (1890-1960); Francis Scott Fitzgerald (1896-1940); Ernest Hemingway (1899-1961); bem como alguns episódios Bíblicos e cultural judaicos.


Remember Us to Life de Regina Spektor destina-se a sonhadores e lutadores, assim como a todos aqueles que buscam elevar horizontes ou simplesmente relaxar no som cativante e algo Chill Out dos Slow e das melodias chamativas e ternurentas do álbum, aliás, é distinguido pela crítica como a "seleção musical mais completa, abrangente e grandiosa" oferecida até à data pela artista.

CA

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