Avançar para o conteúdo principal

A PLACE FOR US TO DREAM – Placebo


A Place For Us To Dream: 20 years of Placebo – lançado em 7 de outubro – representa o álbum colectânea de consagração dos 20 anos da carreira de Placebo banda cosmopolita europeia conotada ao cenário Britpop e universo Techno do final dos anos 90. O trabalho discográfico rubrica sonoridades inspiradas nas tendências New Wave e vaga Gothic Rock do limiar dos anos 80, sobretudo nas suas matrizes inglesa e londrina, que inclusive integram, através do seu estilo, as influências musicais granjeadas por Marc Bolan e David Bowie, aspetos demonstrativos das valências criativas e culturais  dinamizadas pela carreira artística de Placebo.

O álbum musical consubstancia um compêndio discográfico generoso composto por 36 trilhas sonoras – CD duplo – que abordam de forma retrospetiva as diferentes canções interpretadas por Placebo, enquadrando-se em termos da sua identidade cultural e comercial no conceito de Box Set, sobreposto à lógica de Best-Off, em virtude de oferecer singles e êxitos de diversos trabalhos de estúdio reeditados e remisturados como versões melhoradas/alternativas nos formatos ao vivo, radio edit, redux edition e remix
Três músicas contam com a participação de convidados especiais, a mais emblemática é a de David Bowie, ao formar dueto com Brian Molko na interpretação de Without You I'm Nothing.


O núcleo duro de A Place for Us to Dream sustenta-se nos sucessos musicais da 1.ª década da banda londrina, a sua fase mais dourada, que personificou registos de som mais intensos e dinâmicos, repercussões da vivência mais rebelde e hedonista do líder, guitarrista, pianista e vocalista Brian Molko, dividindo-se pelos álbuns de estúdio Placebo (1996) Without You I'm Nothing (1998) Black Market Music (2000) e Sleeping With Ghosts (2003). Mais. O próprio título da colectânea remete para um dos versos da música Narcoleptic integrada no álbum Black Market Music. A 2.ª década de carreira da banda possui menor representatividade e associa-se à discografia formada por Meds (2006) Battle for the Sun (2009) e Loud Like Love (2013), valorada pela crítica como menos brilhante e algo fleumática, compaginada de modo paradoxal com a opção de um estilo de vida mais equilibrado, dado a menos excessos e intemperança por parte do seu líder.

Na análise valorativa centrada apenas na performance de Placebo ao longo dos 20 anos de carreira, de dinamização da fusão de sonoridades referentes ao Rock Alternativo, Pós Punk-Revival e Glem Rock mesclados com Techno e modelações de Música Eletrônica, depreende-se que, por detrás do visual andrógino de B. Molko, se descontar-mos o comportamento e tom apologético – por vezes excessivo e pedante dos seus executantes em relação a vícios e dependências, bem como relativizar-mos a imagem niilista protagonizada no entourage da banda, sobressaem a fruição musical e a adrenalina materializadas na batida Punk-rock, no intimismo induzido pela melodia de algumas das baladas e na qualidade e envolvência dos ritmos catalisadores do ambiente Rock glamoroso.


A Place for Us to Dream constitui a oportunidade de fãs e admiradores obterem uma boa edição de colecionador – também disponibilizada na edição Deluxe, em vinil, apropriada para os mais entusiastas e nostálgicos –, bem como dos novatos se aculturarem no som icónico e sofisticado de Placebo.

CA

Comentários

Mensagens populares deste blogue

AVATAR 3D – James Cameron

  AVATAR não é apenas mais um filme. É o filme! Em todos os pormenores e domínios é completo e quase perfeito. Claro que me refiro à versão 3D. Comecemos por esse ponto. Durante todo o filme conseguimos sentir e ver a profundidade de toda a cenografia, em todos os takes , frames , tudo está concebido ao mais ínfimo detalhe para impressionar os sentidos. Igualmente impressionante são os traços ambientais que parecem transportar-nos para dentro do próprio cenário, sejam as paisagens ou a envolvência da geologia – montanhas flutuantes – fauna e flora do planeta PANDORA ou todas as cenas de combate e acção que se desenrolam. Para os mais sensíveis a profundidade dos cenários com altos declives e altitude chega mesmo a fazer vertigens. Simplesmente fantástico! Referência ainda para os soberbos hologramas, menus e interfaces electrónicos dos computadores da era de exploração espacial em que o filme se desenrola, o que de facto confirma a predilecção e gosto que a ficção científica e...

GERAÇÕES Y E Z – Reflexão

Image by Top 10 website Millennials e Zappers , as gerações do pensamento em mosaico e, supostamente, multitarefa, eufemismo que caracteriza o etos – forma de ser ou estar – próprio de quem deixa tudo pela metade, a começar pelos relacionamentos. A Geração do Milénio (Y) e os seus descendentes, a Geração Zapping (Z), demarcam-se da monotonia dos compromissos para viverem a crédito das aparências, sobretudo face a competências académicas, profissionais e socio-afetivas supostamente inatas ou adquiridas, que, de facto, não dominam.   No limbo digital web em que a Generation Me insufla egos, globaliza narcisismo bacoco, imersa na qualidade erógena de cliques, likes , emojis , efeito viral e K-idols , nem tudo consubstancia defeitos, destacam-se algumas virtudes. Aparentemente ecorresponsáveis e ativistas interculturais, estas gerações exibem solidariedade, nomeadamente se esse altruísmo fomentar a voracidade pela partilha de selfies . Fetichistas dos emoticons , regressam à...

ENTRE SÉRIES DE TV E "OUTRAS COISAS..." – 2013

Um pequeno post para partilhar breve s sinopses em jeito de comentário sobre as séries de TV que considero mais interessantes na atualidade . Game of Thrones Ficção e literatura rodadas em imaginário medieval , com cenografias – film adas e gravadas na Irlanda – bem ao estilo de O Senhor dos Anéis . Várias linhagens de famílias nobres lutam pela supremacia e domínio do Iron Throne .  Entre cavaleiros, bastardos, dragões, undeads , ligas e irmandades, cenas de "gesta" e "trovas" encenadas ao jeito de "cinema de autor", destaque para a personagem Tyrion Lannister , o anão interpretado brilhantemente por Peter Dinklage , realçando a sua feição jocosa e arguta no seio de um elenco de luxo que serve um banquete de civilizações de roupagens medievais com alusões a romanismos, goticismos, islamismos, misticismos célticos e bárbaros. The Borgias Série de rigor histórico e romanceada na dose certa. Faz ju s ao seu sub-título: The ...