A liberdade de
escolha, designada de livre-arbítrio no dizer bíblico e cartesiano, constitui a
faculdade humana mais importante. No devir existencial, construímos diferentes
perceções e representações sobre a realidade ou circunstâncias que nos rodeiam,
as quais definem os traços de personalidade e temperamentais que, por seu
turno, regulam o comportamento, o modo de agir a par da capacidade reflexiva ou
de interpretação do mundo, capacitando-nos à individuação, isto é, a ser, a
conhecer e a fazer aquilo que desejamos. Com efeito, a
nossa vontade é formada, em grande medida, pelas escolhas que protagonizamos, bem
como pelo assentimento conferido às escolhas dos outros.
Na dita sociedade
ocidental – globalizada e individualista – em que muitos de nós vivemos, coloca-se
o enfoque da liberdade de escolha na realização egoísta ou concretização
exacerbada de desejos exclusivamente hedonistas, sem que exista tempo dedicado
a refletir sobre o bem ou o mal que provocam quer no domínio pessoal quer
interpessoal. Contudo a liberdade de escolha de nada vale sem que existam
horizontes! Mas o que são horizontes?
É tudo aquilo que
nos inspira e motiva a sermos melhor. Nessa medida, são os horizontes que
legitimam ou dinamizam a livre escolha. O desígnio das escolhas consubstancia-se
no cultivar de horizontes, esse é o seu insight, sem o qual
verdadeiramente tornam-se estéreis, visto que em termos pragmáticos, no que
concerne à psique humana, a falta de perspetivas redunda em recalcamento
e depressão.
Toda a escolha
exercida sem a perspetiva de novos horizontes, resumindo-se a mero impulso,
compulsão ou capricho, tornar-se-á eventualmente insustentável, assim como
acarretará efeitos negativos, desconstruirá a personalidade, destruirá o
temperamento, provocará falhas catastróficas na inteligência emocional, fatores
que decerto acabarão com toda a beleza, juventude ou alegria, e, em última
análise, escravizarão ao invés de permitirem a continuidade da escolha de
alternativas existenciais.
CA
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