Adoro e venero a metamorfose provocada em mim pelo crepúsculo: desde alterações pélvicas até mutações lunáticas e esotéricas extremas de personalidade e humores, expondo todas as antinomias. Fico num estado de demência prodigiosa, esquizofrênica, neurasténica, sistémica, patológica e infecto-contagiosa. Adoro sentir tal bacilo de tão nobre estirpe. Sentir o furor a clamar o meu espírito e esse a dispor discricionariamente e a fruir do corpo inerte dando-lhe animação e criatividade num culto de exortação psicossomático perverso e frívolo de puro êxtase e excitação tendente para o choque dialógico de todos os interlocutores que contactem com esta alma empedernida de alcólita e que os vicia no puro desejo de pecado concupiscente e cujo o ar transformado em energia hílica preconizado pelo seu pérfido aparelho fonético incute em palavras apelativas de uma decadência tétrica e mórbida vestida com a roupagem recíproca do burlesco sexual licencioso e dissoluto cujo a luxúria é o mecanismo pelo qual tanta energia emocional se evanesce – por uma infusão no espírito e uma desfusão no corpo – em doce blasfémia, heresia, sacrilégio, transformados, vividos e exteriorizados de forma copular numa luta entre dois mundos – o excêlcio e o soturno – num esforço proselitista que só é dirimido na união de pura cumplicidade e química de seres que embora diferentes e diversos são possidentes presuntivos da dinâmica do multifacetado que por força do ritual do pacto sanguíneo se envolvem numa deténte frívola, libidinosa e lasciva que faz da coita de amor a languidez fria que ninguém deseja vivenciar fazendo-os concorrer para o tique pedante do amor num jogo insano onde sorte e destino marcam a venalidade fluída de dois corpos emulsionados para uma pulsão orgiástica mirabolante e alienante de manipulação possessíva e de afecção ora de prazer ora de dor, onde o dolo aumenta o prazer, uma verdade absoluta consegue causar a mesma dor que a mais qualificada das mentiras e a fruição é a dor de uma psicose catalisadora da uterinidade exótica e oculta revelada dionisiacamente (Dionisis) numa reclamação de vontade sanguinolenta de libertação e expiação dos grilhões apolíneos (Apolo) numa cruz suástica, iconografia desoladora e pandoriana (Pandora) que liberte os demónios vorazes que constrangem o homem cineticamente à apatia e torpor da iniciativa de cativar sedutora e lúcifericamente (Lúcifer) o seu próximo. Pois nada é capaz de superar ou transcender o marasmo do paradoxo e da desilusão!
CA
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