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DO MEU UMBIGO COM AMOR – (Pasticho)


Gosto Muito do Meu Umbigo! Quid pro quo... 
À partida, todos nos consideramos as melhores pessoas do mundo, cheios de virtudes, dotes e habilidades. 
Adorámos receber elogios por tais feitos, mas é certo que a mesma boca que elogia também sabe ofender. Com efeito, o encómio, o adolo, o panegírico ou o elogio têm os seus opostos no escárnio, na difamação, na calúnia, no prejúrio e infâmia. Standley Kubrik definiu bem essa dialéctica no filme A Clockwork Orange, que tem por tese o facto de todos podemos ser anjos ou demónios. Behaviour breeds behaviour. É uma verdade inquestionável. Se temos um comportamento simpático e empático vamos ser tratados, à partida, de igual modo, se pelo contrário distratamos ou mal tratamos então colheremos idênticas reacções.

Se reagimos muito bem ao elogio, já à ofensa protagonizamos atitudes diametral e negativamente opostas. Ficámos irascíveis, violentos e há quem fique deprimido. Somos caudilhos à procura de vendeta. A psicologia e a psiquiatria associam a tendência para a violência verbal às mulheres e a violência física aos Homens. Nenhuma tem razão de ser pois ambas ferem e magoam. Elas são dadas ao melodrama e eles são melindres. Os desentendimentos e dissidências causam fenómenos de entropia e recalcamento.

Defendemos-nos das ofensas porque todos levamos muito a sério a nossa dignidade e orgulho próprio. Eu gosto muito do meu umbigo e não admito que ninguém diga que ele é feio! O umbigo é uma marca da nossa ligação umbilical. Logo quem ofende a quem nos é mais próximo e querido nomeadamente a nossa Mãe e família por consequência está-se a meter com o nosso querido umbigo.
Todos nos consideramos importantes, mas certas pessoas são mais petulantes que outras. De igual modo gostámos de ser aceites, sermos populares e bem relacionados. Contudo sei perfeitamente que não gosto nem simpatizo com todas as pessoas, assim como sei e não tenho a ilusão de que todos gostem de mim. A convivência nunca é plena nem universal.
Há uma solução para nunca nos chatearmos. Quem se apaixona por si próprio não tem rivais! Mas tal é utópico porque ninguém vive isolado. Ninguém é um deserto ou ilha. Tal seria castrador e funesto.
Mas a critica faz parte da vida. Não sou dado à auto-comiseração quando alguém diz algo desagradável acerca das minhas aventuras ou desventuras. Cultivo diariamente a auto-estima, a auto-confiança e já há muito tempo que tenho a noção perfeita do meu auto-conceito e auto-imagem, não preciso de receber lições de moral nem conselhos de como saber-estar, saber-fazer e saber-ser. Dantes achava que tinha de ser tudo para todos e de modo a agradar a todos, agora sei do meu próprio valor. Há que ser perspicaz, voraz, ardiloso e arguto perante celeumas. Há que ter atitude e firmeza!

Tenho um modo peculiar de reagir às críticas que considero injustas e às ofensas. Sou adepto da Divina Comédia de Dante. Logo reajo com ironia, sarcasmo, laconismo, deboche, espirituosidade, erudição, mordacidade, voracidade e argúcia num modo de ser e de agir frio, lógico e maquiavélico.
É certo que as criticas e ofensas criam um ambiente de mal-estar mas existem umas quantas artimanhas ou manhas para ficar por cima da situação, não que o triunfo seja importante. Trata-se de uma mera questão de divertimento em ver os outros a titubear face à força, convicção e criatividade dos nossos argumentos e atitudes. Para sobreviver em tais ambientes inquinados e putrefeitos só há uma saída: educação e cultura. Eu gosto de L’Art d’Avoir Toujours Raison (Schoppenauer), assim como O Príncipe de Nicolau Maquiavel.
Nestas situações de deténte e discórdia procuro sempre o lado divertido e de gozo da questão. Até porque considero que as criticas violentas e gratuitas não passam de parvoíces Quid Pro Quo. Mantenho sempre o meu horizonte e nunca perco a postura e a pose. Acredito que o common sense britânico tem princípios úteis a aplicar nestas situações. Destaco dois: Don’t loose the perspective e Face the problems head on!
Ninguém tem moral nem autoridade ou fé pública para tecer juízos de valor sobre a vida dos outros, pois como diria O. Wilde «Estamos todos na sarjeta, mas alguns conseguem ver as estrelas!». Prefiro olhar para as estrelas do que para o esgoto.
Se as pessoas que falam mal de mim soubessem o que eu realmente penso delas falariam muito pior! Contudo, não me considero perfeito ou modelo de virtudes e virtuosismo. Sou imperfeito. E depois? Não é o perfeito que precisa de amor mas sim o imperfeito!
Mas em relação à injúria, injustiça e crítica, nesta fase afirmativa da minha tardia adolescência, procuro reagir com ontologia forte, assertividade e dignidade.

PERIPÉCIAS

Certa vez uma colega minha chateou-me ao ponto de me aborrecer e eu tornei-lhe por resposta: "Esta semana vi-te na televisão…" E ela "A sério?!"… E eu "Foi, tinhas Milka escrito no corpo!"

Uma rapariga disse-me que eu mandava muito paleio, ao que eu reagi afirmando: "Paleio tem os gajos que te engatam! A ti a cosmética, a mascara e os saltos altos dão-te muita cagança mas quando quiseres falar comigo vem de cara lavada e sapato raso!" Ela retorquiu: "Tu como todos os Homens são uns animais!" ao que eu tive necessariamente de dizer "Isso não sei mas quem namora com Eles são vocês!" Também coitada era daquele tipo de raparigas todas ramalhudas que mais parecia que de manhã despejava uma lata de tintas Barbot em cima dela! Ficava linda!
Ri a bom rir certo dia em que ela e o namorado estavam no mesmo Bar que eu. O namorado foi ao WC... nem se deu ao trabalho de assepsia, lavar as mãos, após o "serviço". Saiu e dirigiu-se a ela e sentou-se. Passados uns instantes estava-lhe a passar as mãos na cara de forma babujada. Eu fartava-me de olhar para ver quando a salinidade da micção começava a reagir com a soberba e exacerbada maquilhagem da moça e começava a fermentar e a fazer bolhas! Mas pronto o amor é cego! Não se compadece de odores fétidos nem de outro tipo de sensações desagradáveis. De resto a essa moça sempre lhe disse: "Tu não és aquilo que te pintas!"
Mas até que simpatizava com ela. Depois já discutíamos e ofendíamos-nos mutuamente como brincadeira e jogo de retórica frívola. Certo dia abeirou-se de mim e disse: "Hoje não fales para mim porque eu não tenho nada para te dizer." Eu prontamente lhe disse “Se não tens nada para dizer podes sempre mostrar alguma coisa!" Ficou ofendida e chamou-me de obsceno, mas lá acabaria por mostrar passado uns tempos.
Mas as discussões por vezes eram mais profundas. A moça era acérrima defensora do mariage. Eu na altura nem queria ouvir falar disso. Quando ela me perguntou o que eu achava sobre o assunto vociferei um ponto de vista que na altura fazia sentido para mim, e mesmo que não fizesse argumentei  assim mesmo só para a irritar: "Para quê comprar a vaca se podes beber o leite de graça?!". A rapariga lá continuou a discutir comigo e interrogou-me. "Então tu não acreditas no amor nem na fidelidade?"…. Eu respondi: "O que eu acredito ou deixa de acreditar é comigo, mas acho que para trair ou ser-se fiel é necessária a mesma dose de coragem…". Na altura lembrei-me do filme Million Dollar Baby que de forma anafórica na personagem interpretada por Clint Eastwood afirma incessantemente: «Always protect yourself». Sinceramente acho que em termos de relações, amor, traição ou fidelidade essa é uma regra de ouro. Afetos e sexualidade livre mas intimidade protegida.
Lá continuou a conversa que por vezes demorava dias, o que me leva a pensar que as pessoas só começam a gostar umas das outras se tiverem algo para discutir. Não sou de me ofender nem de me aborrecer com a ironia ou bocas dos outros/as. Mas esta jovem lá me disse: "Tu também gostas de todas e se pudesses andavas com todas e ao mesmo tempo!". Já há muito tempo que Chico Buarque em a Ópera do Malandro definiu os neologismos de poliamor ou pluriamoroso. Não me considero tal. Na altura respondi: "Podes crer que sim e olha que amava a todas com todo o tamanho do meu ser e essência interior!"... Bem lá voltou a linguagem de metáforas coloridas da minha amiga sobre a minha pessoa que mais parecia um documentário do National Geographic.
Mas das ofensas e insultos dela destaco um que na altura acabei por encarar como um elogio: "Tu és um atiradiço, gozão e engatatão!". Bem lá tive eu de reagir à altura dizendo "Antes isso do que ter a faculdade marcada no corpo como tu!". Curiosamente nunca deixámos de ser amigos. A violência verbal unia-nos e andávamos sempre juntos. Coisa estranha a natureza humana às vezes!

Não sou de tabus e sempre que considero que me fazem perguntas justas e honestas sobre algum aspecto da minha vida, imagem ou aparência, respondo cordialmente. Mas quando me soa a impertinência costumo responder da seguinte forma: "Isso é uma longa estória que se chama: Não tens nada a haver com isso!". Desejo que as pessoas aprendam de uma vez por todas a lição de Claude Lévi-Strauss: «O Sábio não é aquele que dá as respostas correctas, mas o que coloca as questões certas.» A essa verdade junta-se uma outra: "Pensa depressa mas fala devagar." Não vale a pena perder a compostura nem o tom e timbre. Mas por vezes há pessoas que nos tiram do sério e nessas alturas penso: "Há pessoas que não perdem o maldito vício do oxigénio!"

De resto ao longo da vida conheci pessoas que não perdi nada em conhecer mas também não ganhei nada.
Por vezes quando dava este tipo de respostas acusavam-me de ser obsceno. Grande dilema! François Rabelais também o era e não deixou de consagrar-se como autor bastante lido. Nessas alturas lembrava-me das palavras de Roland Barthes quando questionado sobre a perversidade: «Perversion?! Quite simply, make me happy!».
Perdoem-me a injustiça da afirmação seguinte, até porque não é regra geral, mas com certas gajas não basta ter cojones também é preciso ter "saco" para as aturar e quando a chatice começa a ser dose pensámos: mas que mal fiz eu para ter um ovário a andar atrás de mim sempre a consumir-me?!

Para não pensarem que só sou crítico em relação ao belo sexo como diria L. Camões, também alvejo os homens. Certa vez um colega meu queixava-se que foi "caço" a conduzir com 1.4 no sangue! Ele disse que foi azar. Azar?! Na altura disse-lhe: "1.4 de álcool no sangue é mais que a cilindrada média do parque automóvel português!" Para lá do humor o jovem não tinha razões para se queixar. Mas está explicado porque é que os portugueses bebem antes de conduzir. É para aumentar a cilindrada do chaço…
De resto o folano era meio hippie e todo dado à "ganza" mas não tinha a pinta de um Manu Chao. Certa vez estava a gabar-se que conseguia seduzir mais meninas do que todos os outros. Nessa altura reagi dizendo-lhe:"Pois é, mas ao contrário de ti eu tenho uma parceira fixa com a qual privo todos os dias e noites: chama-se higiene!"

Numa viagem por Espanha zanguei-me de amores com uma moçoila, e ela tal e qual como todas as Mulheres hábil a criar subentendidos e subterfúgios não parava de me cansar e torrar a paciência. Teve de levar com o rol todo: "Tudo o que vejo em ti é perfeito. Um perfeito disparate!"; "Vou mesmo perder o apetite e o sono por causa do teu mal estar comigo!"; "Dantes excitavas-me a imaginação, agora nem sequer me despertas a curiosidade!"; "Desculpa se a minha natureza fálica ofendeu a tua delicada sensibilidade feminina…". Nunca fui dado a comprar ou mendigar favores amorosos, eróticos e sexuais.
Detesto pudicos. Acho que a frase que melhor se aplica a esses seres é: "Virginitie: Use It or Loose It!"

Pode parecer cruel da minha parte mas uma colega minha que apanhava do namorado passava a vida a queixar-se em vez de ir à Polícia. Podem-me chamar chanfrado e insensível mas tive-lhe de dizer: "Sabes como é, há pessoas na nossa vida que nos marcam mais que outras!" Ao que ela respondeu "A pensar assim hás-de ter muitas Mulheres interessadas em ti." Ao que eu retorqui: "Não interessam as Mulheres da minha vida mas sim a vida que há nas minhas Mulheres!"
Outra colega numa outra altura lamentava o facto de não encontrar o seu príncipe encantado. Vendo o problema de selecção e de critério da moça procurei ajudar e perguntei: "Com que parte do Corpo é que os escolhes?" Ela respondeu de forma ofensiva chamando-me de presunto (porco), ao que eu lhe disse "Eu pensava que os escolhias com o Coração!" Acho mesmo que apesar de ela ter ficado chateada acabei por lhe dar uma grande dica.
Para terminar a descrição do rol de peripécias que já vivi e que me podem irritar ou por num estado e pilha de testosterona aqui fica um relato engraçado. Há um tipo de lojas em que eu não posso entrar. As lojas de brinquedos para crianças, pois os putos chegam lá, olham para mim, viram-se para os pais e dizem:"Quero aquele boneco/ Action Man!".

CONCEITOS ESCARNECEDORES

Antes de avançar com uma conclusão, aqui fica uma lista de vocábulos que gosto de usar ou pensar cá para os meus botões perante certas pessoas que me chateiam, irritam ou ofendem:

Escroque, Energúmeno, Incauto, Amorfo, Acéfalo, Abrolho, Sopeira, Hospedeira, Merendeira, Maremiteira, Taparuezeira (há muitos clubes do tupperware por esse pais fora), Frígida, Tronga, Parisiense, Coquete, Babuíno, Bovino, Ruminante, Cavalo, Rústico, Herbáceo, Besouro, Percevejo, Nenúfar, Argola, Pombo Correio, Gaivota (surfistas), Amestrado, Senil, Grisalho.

PRÓLOGO

Para concluir deixo escorrer alguns pensamentos alarves. A vida é demasiado curta para ressentimentos. Não sou de me chatear com nada nem com ninguém, até porque quando tenho de escolher entre uma coisa boa e uma má, escolho sempre o melhor das duas! Vivere un jorno per jorno. Não me deixo amordaçar nem entrar em apartheids ou boicotes. De resto penso que quem se preocupa com a minha vida ao ponto de me insultar vive na penumbra, menor idade mental e na insipiência. Nescer Necat. Acredito que a maior parte das dissidências e desavenças não passam de folclore, fogo de vista e falso pudor, ou a simples vontade de espicaçar a fim de mitigar a curiosidade sobre a vida alheia para depois alvitrar.
Para os outros sou aquilo que eles me são e na mesma medida. Abomino a filantropia e a caridade. Quando não há reconciliação possível de determinado desiderato adopto uma postura de indiferença e distância. Não me deixo intimidar por situações ou pessoas. Mas cuidado, tanto eu como toda a gente temos umbigo. Não se metam com o meu umbigo!

CA

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