No dizer do queer mas astuto escritor Óscar Wilde, também ele pertencente de algum modo a uma "geração do milénio" conotada ao fin de siècle, "as mulheres... inspiram-nos o desejo de fazer obras-primas [mudar o mundo] e impedem-nos constantemente de as realizarmos", ressalvando-se o tom algo misógino. Se nos inspiram a mudar o Mundo não sei, mas não tenho nenhuma dúvida de que um sentimento verdadeiro e sincero de um homem por uma mulher o torna atencioso, solicito e impele-o a ser e a fazer-se um ser humano melhor em todos os planos e vertentes. É esse o poder do amor. Por um lado motivação e por outro convicção. Aprimora-mo-nos para a nossa amada.
Durante o encantamento ou paixão imaginamos e mitificamos a ragazza com quem simpatizamos e gostamos. Quando ela está presente as pupilas focalizam toda a nossa atenção nos seus traços, recortes e fisionomia. O flirt, soslaio ou coup d’oeil dominam a mente e os sentidos. Sim. Tem rosto de alabastro, um sorriso do mais branco e refinado marfim, peitos de diamante – ou como diria L. Camões virgíneas tetas – toque de seda, pernas de porcelana, mãos de jaspe, hálito de jasmin, lábios gumosos cor de romã, maçãs do rosto em tons de fúcsia, o cabelo são finos cordames urdidos por Hera, a dorsal obscena foi desenhada por Eros, as ancas roliças cuidadosamente desenhadas por Afrodite e a Pérola está escondida numa concha de Vénus. Veste de Prada. Calça de Cinderela. Nos gusta los ojos, nos encanta la mirada e la sorrisa pero sobretodo nos gusta la narija. É especial, única, singular, anjo e demónio! É o nosso culto, adoração, mandamento, blasfémia e pecado! As suas pernas são os únicos grilhões aos quais nos desejamos acorrentar!
Mas tudo isto começa por ser platónico e ficcional. Por vezes a ficção torna-se realidade e parece que Cupido cumpriu bem a sua função. Há quem associe o amor à sorte e a sentimentos arrebatadores. Discordo. Sem dúvida que amor é emoção. Mas mais do que sorte é construção. Amor é simultaneamente desejo e pulsão, paciência e inibição. Não vou estar para aqui com falinhas mansas e digo desde já a palavra amor é substituível por outras mais convenientes ou especificas do(s) acto(s) amorosos. É de esgotar a paciência todos os rituais platónicos que se tem de observar e cumprir para começar a "namorar". Pior é se expostos e transpostos tais rituais à "dama" que se acha a melhor da rua dela ou quiçá do universo, assertivamente disser "Não". Todas as expectativas evanescem-se. O sentimento de desilusão é marcante. Tudo o que era perfeito nela, continua a ser perfeito, um perfeito disparate! "Se dantes excitava a imaginação agora nem sequer nos desperta curiosidade!" Engraçado é as contas que eles e elas fazem de quem é que ficou mais a perder. Não pode haver perda se não houver ganho. Se calhar a pergunta a fazer quando termina um relacionamento ou nem sequer chega a começar não é quem dos dois perdeu mais? mas sim o que é que cada um deixou de ganhar? O amor não é larápio nem furta seja o que for. O que dantes era elogio e adolo passa a ser perjúrio e despeito. Mas por vezes acontecem reatamentos, "pega" à segunda tendo por pano de fundo o ambiente conflitante, frívolo gerada pelo acumular de tensões. Por vezes o amor é aprisco dos momentos de reconciliação. Por outras palavras por vezes os "nobios" tem de se chatear para se entenderem.
Não obstante, já é de tradição histórica que nestes jogos de amor e de cortejar ou como os medievos apelidavam fine amors, que a mulher ocupe sempre um lugar de pedestal enquanto a massa bruta de machos luta e compete em favor das suas mercês e graças. A mulher permanece altiva e indiferente face à coita de amor que provoca ao seu redor. Mas cuidado, nem sempre ganha o melhor! É óbvio que a decisão está sempre do lado feminino mas nem sempre o instinto ou poderes e sentidos que as mulheres se gabam de ter funcionam. Por vezes aquilo que era um conto de fadas e agradável ao olho vira infelicidade e cesura ou divórcio. Penso que por vezes as mulheres têm horizontes curtos pois gostam todas do mesmo ao mesmo tempo! com tantas escolhas possíveis e disponíveis só se concentram em um. No mínimo é falta de criatividade e imaginação! Este comportamento também é válido para os homens. É difícil de entender a nova moda de terminar uma relação… "Vamos acabar mas ficamos amigos." Amigos? Acabar significa acabar, não dá para ficar amigo, quando tal acontece é o mesmo que dar um trunfo, deixa ou pretexto para essa pessoa continuar a estar presente e a tecer juízos de valor sobre as novas relações que entretanto surgem.
Neste universo de Vénus e Marte existem príncipes e sapos. Eu prefiro ser sapo e saltar livremente de charco em charco, mas não excluo a hipótese de encontrar uma princesa que com o seu beijo quebre o feitiço.
A falta de amor ou de quem amar é um estado de pobreza. Mas afinal o que é o amor? Para mim em primeiro lugar é uma necessidade. Assim sendo há que indagar: Eu necessito de amor? Se a resposta for não, há que assumir que aquilo que não precisamos não nos faz falta. Mas se a resposta for sim, então o amor é demonstração de personalidade e carácter. A química ou a sexualidade é a parte mais fácil de obter mas a cumplicidade e confiança pode demorar uma vida inteira a construir. Homens deixam-se levar pela volúpia, mas anos volvidos sentem que falta algo mais. Mulheres deixam-se seduzir pela masculinidade de príncipes encantados, mas anos volvidos falta algo mais. Falta confiança. E para os adeptos(as) do "poliamor" e sexualidade fluída, quando resolvem assentar para além da confiança falta respeito.
Detesto garanhões gabarolas que são defendidos pelas suas parceiras como príncipes encantados e modelos de virtudes. Penso também que as pessoas que vão às vozes de burro não sabem o que é amar ou amor. O amor não se compadece com satisfações ou conivência, consentimento e aceitação de amigos ou família.
Acho que o amor, os afectos e a sexualidade, para muita gente converteu-se numa forma de religião. Amor é sinónimo de fidelidade. Mas como a maior parte dos "católicos", nós no amor somos fiéis não praticantes.
O sentimento de amor e paixão pode surgir para com qualquer pessoa. Mas por vezes quando a pessoa visada toma conhecimento encara isso como ofensa. É difícil de explicar e compreender estas situações de repúdio e apartheid amoroso. Há também quem use o amor como máscara e embuste para controlar, dominar e manipular. Mas lá diz o princípio de jurisprudência: podes enganar alguém durante um tempo e todos durante algum tempo mas nunca todos ao mesmo tempo.
O amor faz-nos sentir vivos, o sangue irriga e borbulha como champagne. Mas quando o amor vira dor ou desilusão com todos os males de amor que se pode padecer em termos psicossomáticos, sente-se o sangue nas artérias a converter-se em veneno. Tal e qual como a picadela de uma cobra ou aranha venenosa se cura com o antídoto processado a partir desse mesmo veneno assim acontece no amor. O amor é veneno e antídoto.
Durante o encantamento ou paixão imaginamos e mitificamos a ragazza com quem simpatizamos e gostamos. Quando ela está presente as pupilas focalizam toda a nossa atenção nos seus traços, recortes e fisionomia. O flirt, soslaio ou coup d’oeil dominam a mente e os sentidos. Sim. Tem rosto de alabastro, um sorriso do mais branco e refinado marfim, peitos de diamante – ou como diria L. Camões virgíneas tetas – toque de seda, pernas de porcelana, mãos de jaspe, hálito de jasmin, lábios gumosos cor de romã, maçãs do rosto em tons de fúcsia, o cabelo são finos cordames urdidos por Hera, a dorsal obscena foi desenhada por Eros, as ancas roliças cuidadosamente desenhadas por Afrodite e a Pérola está escondida numa concha de Vénus. Veste de Prada. Calça de Cinderela. Nos gusta los ojos, nos encanta la mirada e la sorrisa pero sobretodo nos gusta la narija. É especial, única, singular, anjo e demónio! É o nosso culto, adoração, mandamento, blasfémia e pecado! As suas pernas são os únicos grilhões aos quais nos desejamos acorrentar!
Mas tudo isto começa por ser platónico e ficcional. Por vezes a ficção torna-se realidade e parece que Cupido cumpriu bem a sua função. Há quem associe o amor à sorte e a sentimentos arrebatadores. Discordo. Sem dúvida que amor é emoção. Mas mais do que sorte é construção. Amor é simultaneamente desejo e pulsão, paciência e inibição. Não vou estar para aqui com falinhas mansas e digo desde já a palavra amor é substituível por outras mais convenientes ou especificas do(s) acto(s) amorosos. É de esgotar a paciência todos os rituais platónicos que se tem de observar e cumprir para começar a "namorar". Pior é se expostos e transpostos tais rituais à "dama" que se acha a melhor da rua dela ou quiçá do universo, assertivamente disser "Não". Todas as expectativas evanescem-se. O sentimento de desilusão é marcante. Tudo o que era perfeito nela, continua a ser perfeito, um perfeito disparate! "Se dantes excitava a imaginação agora nem sequer nos desperta curiosidade!" Engraçado é as contas que eles e elas fazem de quem é que ficou mais a perder. Não pode haver perda se não houver ganho. Se calhar a pergunta a fazer quando termina um relacionamento ou nem sequer chega a começar não é quem dos dois perdeu mais? mas sim o que é que cada um deixou de ganhar? O amor não é larápio nem furta seja o que for. O que dantes era elogio e adolo passa a ser perjúrio e despeito. Mas por vezes acontecem reatamentos, "pega" à segunda tendo por pano de fundo o ambiente conflitante, frívolo gerada pelo acumular de tensões. Por vezes o amor é aprisco dos momentos de reconciliação. Por outras palavras por vezes os "nobios" tem de se chatear para se entenderem.
Não obstante, já é de tradição histórica que nestes jogos de amor e de cortejar ou como os medievos apelidavam fine amors, que a mulher ocupe sempre um lugar de pedestal enquanto a massa bruta de machos luta e compete em favor das suas mercês e graças. A mulher permanece altiva e indiferente face à coita de amor que provoca ao seu redor. Mas cuidado, nem sempre ganha o melhor! É óbvio que a decisão está sempre do lado feminino mas nem sempre o instinto ou poderes e sentidos que as mulheres se gabam de ter funcionam. Por vezes aquilo que era um conto de fadas e agradável ao olho vira infelicidade e cesura ou divórcio. Penso que por vezes as mulheres têm horizontes curtos pois gostam todas do mesmo ao mesmo tempo! com tantas escolhas possíveis e disponíveis só se concentram em um. No mínimo é falta de criatividade e imaginação! Este comportamento também é válido para os homens. É difícil de entender a nova moda de terminar uma relação… "Vamos acabar mas ficamos amigos." Amigos? Acabar significa acabar, não dá para ficar amigo, quando tal acontece é o mesmo que dar um trunfo, deixa ou pretexto para essa pessoa continuar a estar presente e a tecer juízos de valor sobre as novas relações que entretanto surgem.
Neste universo de Vénus e Marte existem príncipes e sapos. Eu prefiro ser sapo e saltar livremente de charco em charco, mas não excluo a hipótese de encontrar uma princesa que com o seu beijo quebre o feitiço.
A falta de amor ou de quem amar é um estado de pobreza. Mas afinal o que é o amor? Para mim em primeiro lugar é uma necessidade. Assim sendo há que indagar: Eu necessito de amor? Se a resposta for não, há que assumir que aquilo que não precisamos não nos faz falta. Mas se a resposta for sim, então o amor é demonstração de personalidade e carácter. A química ou a sexualidade é a parte mais fácil de obter mas a cumplicidade e confiança pode demorar uma vida inteira a construir. Homens deixam-se levar pela volúpia, mas anos volvidos sentem que falta algo mais. Mulheres deixam-se seduzir pela masculinidade de príncipes encantados, mas anos volvidos falta algo mais. Falta confiança. E para os adeptos(as) do "poliamor" e sexualidade fluída, quando resolvem assentar para além da confiança falta respeito.
Detesto garanhões gabarolas que são defendidos pelas suas parceiras como príncipes encantados e modelos de virtudes. Penso também que as pessoas que vão às vozes de burro não sabem o que é amar ou amor. O amor não se compadece com satisfações ou conivência, consentimento e aceitação de amigos ou família.
Acho que o amor, os afectos e a sexualidade, para muita gente converteu-se numa forma de religião. Amor é sinónimo de fidelidade. Mas como a maior parte dos "católicos", nós no amor somos fiéis não praticantes.
O sentimento de amor e paixão pode surgir para com qualquer pessoa. Mas por vezes quando a pessoa visada toma conhecimento encara isso como ofensa. É difícil de explicar e compreender estas situações de repúdio e apartheid amoroso. Há também quem use o amor como máscara e embuste para controlar, dominar e manipular. Mas lá diz o princípio de jurisprudência: podes enganar alguém durante um tempo e todos durante algum tempo mas nunca todos ao mesmo tempo.
O amor faz-nos sentir vivos, o sangue irriga e borbulha como champagne. Mas quando o amor vira dor ou desilusão com todos os males de amor que se pode padecer em termos psicossomáticos, sente-se o sangue nas artérias a converter-se em veneno. Tal e qual como a picadela de uma cobra ou aranha venenosa se cura com o antídoto processado a partir desse mesmo veneno assim acontece no amor. O amor é veneno e antídoto.
CA
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