[Spoiler Alert] The Man in the High Castle, o thriller vicioso de ficção-científica inspirado no romance homónimo de Philip K. Dick, sobre o mundo distópico e versão alternativa da História em que as potências do eixo, a Alemanha Nazi e o Império Japonês venceram a II Guerra Mundial, ocuparam e dividiram os EUA, e protagonizam o ambiente de Guerra-Fria dos anos 60.
A dinâmica da 2.ª temporada catalisa-se na ameaça do deflagrar da guerra termonuclear entre Nazis e Nipónicos.
A série acaba por integrar no enredo referências aos projetos tecnológicos mais mirabolantes dos Nazis – conforme descritos no livro –, relativos ao programa de colonização espacial e sobretudo Atlantropa, engenharia megalómana referente à construção de uma barragem hidroelétrica no estreito de Gibraltar, ideia desenvolvida pelo arquitecto alemão Herman Sörgel (1885-1952), destinada a interligar-se a outras barragens na bacia do mediterrâneo para gerar milhões de kW de energia, e através do sistema de drenagem no sentido de fazer descer o nível do mar, originaria novas terras férteis de cultivo, bem como o istmo de ligação terrestre e unificação continental da Europa e África.
Na 2.ª temporada, High Castle aposta na separação do trio romântico formado por Juliana Crain, Joe Blake e Frank Frink, personagens-chave que gravitam entre os três lados da barricada – Nazis, Japoneses, Resistência –, desvendando progressivamente os mistérios, sem nunca sabermos quem será o próximo aliado ou traidor na "cruzada" anti-totalitária.
Juliana Crain vê-se obrigada a pedir asilo ao Greater Nazi Reich, migra para a cidade de Nova Iorque, integra-se na alta sociedade Nazi, acolhida no seio da família do Obergruppenführer das SS, John Smith, no intuito de manipulá-la para descobrir o paradeiro do The Man in the High Castle.
Juliana envolve-se em relações complicadas e perigosas com a Resistência local. Pensa sempre pela sua própria cabeça, procura "fazer o bem sem olhar a quem". Juliana tenta salvar a vida de Thomas, o filho de John Smith, que sofre de uma doença degenerativa sinónimo de extermínio por parte do Departamento de Saúde do Reich, com contornos de eutanásia, porque a sociedade nazi não admite "useless eaters". Os intentos da Resistência passam por se infiltrar nas SS, para divulgar uma "escuta" reveladora da hipocrisia e traição ao Estado de John Smith que não participou às autoridades a doença incurável do seu próprio filho.
Juliana opõe-se e ao fazê-lo possibilita a John Smith manter o seu estatuto de lealdade à causa Nazi, conservar o seu comando, permitindo-lhe salvar o mundo da guerra nuclear. No meio de tramas e quid pro quo complexos, Juliana é peça-chave no jogo perigoso do equilíbrio entre Nazis e Japoneses e na eventual oportunidade da Resistência em derrubá-los.
Hawthorne Abendsen, The Man in the High Castle, autor dos filmes misteriosos e prescientes, inspirado no misticismo do I Ching, é o grande arquitecto por detrás das suas ações, que inclusive encenou a morte da sua irmã às mãos do Kempeitai, de modo a "motivar" Juliana para a ação.
Os fãs da série acabarão por desenvolver a paixoneta pela personagem e atriz Alexa Davalos.
Joe/Josef Blake (Luke Kleintank) dá-nos a conhecer mais sobre a capital e bastidores do poder Nazi, através da estadia em Berlim, cidade que se destaca pela arquitectura de Estado megalómana e funcionalista, autêntico meio de propaganda e sede de culto do Führer.
Na realidade, Joe é filho do Reichsminister Martin Heusmann (Sebastien Roché) e faz parte dos Lebensborn, programa de apoio ao nascimento e infância iniciado por Heinrich Himmler com objetivos eugénicos de promoção da superioridade da raça ariana.
Joe conhece outra Lebensborn, Nicole Becker (Bella Heathcote) que preenche o vazio existencial motivado pela suposta morte de Juliana, apresentando-o à sociedade juvenil formada pelos filhos dos homens do regime que se divertem num clube de campo nos arredores de Berlim ao estilo das Schlosspartys ou festas "eyes wide shut", numa espécie de realidade paralela hippie ou "sex, drugs and Rock and Roll" à la Nazi.
Frank Frink (Rupert Evans) permanece na cidade de S. Francisco sob domínio dos Estados Japoneses do Pacífico.
Consegue safar o seu grande amigo Ed McCarthy (DJ Qualls) das garras do Kempeitai, envolve-se em negócios com a Yakuza, referentes a contrabando e contrafacção de artefatos históricos coleccionáveis, radicaliza-se ao serviço da Resistência, descobre que os japoneses traficam combustível nuclear da Zona Neutra, camuflado no transporte de autocarros civis, destinado a alimentar o programa nuclear, e, por fim, participa no atentado à bomba na sede do Kempeitai. Fica a dúvida para a 3.ª temporada, se está MIA ou KIA.
John Smith (Rufus Sewell) é o grande protagonista da 2.ª temporada.
Desmascara os verdadeiros culpados da morte de Adolf Hitler. Arranca a confissão a Reinhard Heydrich – que mantém sob custódia no quartel das SS, em Nova Iorque – sobre os partidários e a cabeça da fação Nazi apostada no golpe de Estado e na guerra nuclear contra os Japoneses, concretamente o Reichsminister Martin Heusmann.
O assassinato por envenenamento do Führer faz as vezes da morte de John Fitzgerald Kennedy (JFK).
Smith reporta diretamente ao Reichsführer das SS, Heinrich Himmler, um dos poucos líderes originais do nacional-socialismo e do Partido Nazi ainda vivos. Entrega provas de contra-inteligência ao Estado-Maior alemão, obtidas de forma misteriosa pelo Ministro do Comércio dos Estados Japoneses do Pacífico, Nobusuke Tagomi (Cary-Hiroyuki Tagawa) – que visita a nossa realidade cronológica através do I Ching –, facultadas ao Obergruppenführer mediante conluio com o inspector Kido (Joel de la Fuente) do Kempeitai, relativas ao filme no qual se demonstra que os japoneses dominam a tecnologia da bomba de hidrogénio, aliás, as filmagens assemelham-se ao ensaio da tal bomba h ou da Tsar Bomb da URSS, facto que demove as altas patentes Nazis dos intentos de ataque nuclear e mantém o ambiente de Guerra-Fria, por enquanto.
No plano familiar, John Smith assassina o médico que diagnosticou a doença degenerativa ao seu filho, tenta magicar um plano de exílio para Thomas, a pretexto de o mesmo ser escolhido para participar na expedição da Juventude Hitleriana no Brasil. Nesse sentido, Smith orquestra a simulação de um rapto por parte de rebeldes semitas, só que, o seu próprio filho ao ver na televisão o pai glorificado como salvador da pátria, por Himmler, no Volkshalle, toma a atitude patriótica de se entregar para extermínio ao Departamento de Saúde Nazi.
The Man in the High Castle tem muitas perspetivas para evoluir. Retrata sobretudo os Nazis como grande império do mal e à medida que penetra nos bastidores do poder e no quotidiano da sociedade, ainda se torna mais maléfico.
Disciplinada, organizada, bem filmada e encenada, a série constitui bom entretenimento televisivo. De forma calma, mas inquietante, acaba por ser viciante.
Juliana envolve-se em relações complicadas e perigosas com a Resistência local. Pensa sempre pela sua própria cabeça, procura "fazer o bem sem olhar a quem". Juliana tenta salvar a vida de Thomas, o filho de John Smith, que sofre de uma doença degenerativa sinónimo de extermínio por parte do Departamento de Saúde do Reich, com contornos de eutanásia, porque a sociedade nazi não admite "useless eaters". Os intentos da Resistência passam por se infiltrar nas SS, para divulgar uma "escuta" reveladora da hipocrisia e traição ao Estado de John Smith que não participou às autoridades a doença incurável do seu próprio filho.
Juliana opõe-se e ao fazê-lo possibilita a John Smith manter o seu estatuto de lealdade à causa Nazi, conservar o seu comando, permitindo-lhe salvar o mundo da guerra nuclear. No meio de tramas e quid pro quo complexos, Juliana é peça-chave no jogo perigoso do equilíbrio entre Nazis e Japoneses e na eventual oportunidade da Resistência em derrubá-los.
Hawthorne Abendsen, The Man in the High Castle, autor dos filmes misteriosos e prescientes, inspirado no misticismo do I Ching, é o grande arquitecto por detrás das suas ações, que inclusive encenou a morte da sua irmã às mãos do Kempeitai, de modo a "motivar" Juliana para a ação.
Os fãs da série acabarão por desenvolver a paixoneta pela personagem e atriz Alexa Davalos.
Joe/Josef Blake (Luke Kleintank) dá-nos a conhecer mais sobre a capital e bastidores do poder Nazi, através da estadia em Berlim, cidade que se destaca pela arquitectura de Estado megalómana e funcionalista, autêntico meio de propaganda e sede de culto do Führer.
Na realidade, Joe é filho do Reichsminister Martin Heusmann (Sebastien Roché) e faz parte dos Lebensborn, programa de apoio ao nascimento e infância iniciado por Heinrich Himmler com objetivos eugénicos de promoção da superioridade da raça ariana.
Joe conhece outra Lebensborn, Nicole Becker (Bella Heathcote) que preenche o vazio existencial motivado pela suposta morte de Juliana, apresentando-o à sociedade juvenil formada pelos filhos dos homens do regime que se divertem num clube de campo nos arredores de Berlim ao estilo das Schlosspartys ou festas "eyes wide shut", numa espécie de realidade paralela hippie ou "sex, drugs and Rock and Roll" à la Nazi.
Frank Frink (Rupert Evans) permanece na cidade de S. Francisco sob domínio dos Estados Japoneses do Pacífico.
Consegue safar o seu grande amigo Ed McCarthy (DJ Qualls) das garras do Kempeitai, envolve-se em negócios com a Yakuza, referentes a contrabando e contrafacção de artefatos históricos coleccionáveis, radicaliza-se ao serviço da Resistência, descobre que os japoneses traficam combustível nuclear da Zona Neutra, camuflado no transporte de autocarros civis, destinado a alimentar o programa nuclear, e, por fim, participa no atentado à bomba na sede do Kempeitai. Fica a dúvida para a 3.ª temporada, se está MIA ou KIA.
John Smith (Rufus Sewell) é o grande protagonista da 2.ª temporada.
Desmascara os verdadeiros culpados da morte de Adolf Hitler. Arranca a confissão a Reinhard Heydrich – que mantém sob custódia no quartel das SS, em Nova Iorque – sobre os partidários e a cabeça da fação Nazi apostada no golpe de Estado e na guerra nuclear contra os Japoneses, concretamente o Reichsminister Martin Heusmann.
O assassinato por envenenamento do Führer faz as vezes da morte de John Fitzgerald Kennedy (JFK).
Smith reporta diretamente ao Reichsführer das SS, Heinrich Himmler, um dos poucos líderes originais do nacional-socialismo e do Partido Nazi ainda vivos. Entrega provas de contra-inteligência ao Estado-Maior alemão, obtidas de forma misteriosa pelo Ministro do Comércio dos Estados Japoneses do Pacífico, Nobusuke Tagomi (Cary-Hiroyuki Tagawa) – que visita a nossa realidade cronológica através do I Ching –, facultadas ao Obergruppenführer mediante conluio com o inspector Kido (Joel de la Fuente) do Kempeitai, relativas ao filme no qual se demonstra que os japoneses dominam a tecnologia da bomba de hidrogénio, aliás, as filmagens assemelham-se ao ensaio da tal bomba h ou da Tsar Bomb da URSS, facto que demove as altas patentes Nazis dos intentos de ataque nuclear e mantém o ambiente de Guerra-Fria, por enquanto.
No plano familiar, John Smith assassina o médico que diagnosticou a doença degenerativa ao seu filho, tenta magicar um plano de exílio para Thomas, a pretexto de o mesmo ser escolhido para participar na expedição da Juventude Hitleriana no Brasil. Nesse sentido, Smith orquestra a simulação de um rapto por parte de rebeldes semitas, só que, o seu próprio filho ao ver na televisão o pai glorificado como salvador da pátria, por Himmler, no Volkshalle, toma a atitude patriótica de se entregar para extermínio ao Departamento de Saúde Nazi.
The Man in the High Castle tem muitas perspetivas para evoluir. Retrata sobretudo os Nazis como grande império do mal e à medida que penetra nos bastidores do poder e no quotidiano da sociedade, ainda se torna mais maléfico.
Disciplinada, organizada, bem filmada e encenada, a série constitui bom entretenimento televisivo. De forma calma, mas inquietante, acaba por ser viciante.
CA
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