Colony – estreia em televisão, 2.ª temporada, desde 12 de janeiro – personifica a metáfora na forma de distopia e ficção-científica futuristas, de reflexão sobre questões de liberdade e consciência, duas circunstâncias ou garantes da "civilização ocidental", mas que estão longe de ser regra no pretenso mundo dos Direitos Humanos.
A série vale sobretudo enquanto metáfora da luta contra a tirania e a opressão, na medida em que problematiza sobre a forma como diversas escolhas interferem, capacitam ou hipotecam a liberdade e os nossos horizontes existenciais, tanto pessoais como sociais.
Colony retrata a cidade norte-americana e californiana de Los Angeles depois do evento catastrófico mundial de invasão e ocupação da Terra por força misteriosa dotada de supremacia tecnológica que espartilhou e amuralhou na forma de colónias humanas diferentes cidades e regiões do globo colocadas sobre o seu domínio político e militar, através da instalação de governos colaboracionistas conhecidos por "Autoridade de Transição Colonial" (Transitional Authority) ou simplesmente "Ocupação".
Esses regimes de fachada funcionam na lógica totalitária do Estado policial representado de forma direta nos serviços secretos e de inteligência da Homeland Security complementados pelo braço armado da governação, concretamente os Redhats, agindo no sentido da vigilância, identificação e subjugação dos dissidentes, mas também de forma mais indireta no recurso à propaganda, subornos e incentivo às denúncias anónimas como modos de controlo e arregimentação pelo medo.
Na 1.ª temporada percebemos que a existência dos invasores – aka hosts – assume feições cibernéticas, sendo que de alguma forma essa circunstância relaciona-se com o facto de os rebeldes capturados serem escravizados nos empreendimentos denominados por The Factory.
A grande expetativa para a 2.ª temporada radica na revelação da verdadeira natureza dos invasores, na real dimensão e efetividade do seu poder.
Na essência, a dinâmica de Colony redunda no drama familiar de Will Bowman (Josh Holloway) e Katie Bowman (Sarah Wayne Callies), que espelha tensões ou fraturas sociais motivadas pelo antagonismo gerado entre os que escolheram ser colaboradores, beneficiar da nova ordem mundial, e aqueles que optaram por ser rebeldes, viver uma vida de privação, exclusão, mas de luta pela autodeterminação da humanidade.
Tal binómio é demonstrado nas escolhas, quotidiano, relacionamentos e convicções do casal, colocando-os dos dois lados da barricada.
Will é recrutado para agente da Homeland Security mediante as suas competências enquanto ex-agente do FBI, enquanto Katie se envolve diretamente nas operações de sabotagem perpetradas pelos rebeldes.
Inicialmente essa dinâmica afeta a convivência e a felicidade do casal que vive o drama de se encontrar separado de um dos seus filhos localizado noutra colónia. O reencontro e reunião poderão ser conseguidos tanto pela via pacífica colaboracionista ou eventualmente através da beligerância dos rebeldes.
Will e Katie percebem que se movimentam por realidades perigosas. Nesse sentido, reconciliam-se e tratam de sincronizar a sua forma de agir, partilhando diversos segredos que progressivamente revelam os mistérios.
O enredo explora bem essas dinâmicas e pormenores na forma de ação, aventura, tensão e suspense.
Em termos de trivialidades e pop culture, Colony conta com a criação e realização de Carlton Cuse, um dos produtores executivos da série de culto Lost (2004-2010) a par do protagonismo de Josh Holloway que se notabilizou pela interpretação da personagem Sawyer nessa mesma série. A atriz esbelta Sarah W. Callies integrou o universo Prison Break (2005-2009).
CA
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