The
Son – estreia em televisão, desde 8 de abril, exclusivo do AMC, também no
caso de Portugal, embora com transmissão apenas a partir de 30 de abril –
representa, na forma de série, o drama de época ficcional, em estilo de western, sobre a ascensão da família
McCullough enquanto magnatas do petróleo, no Estado norte-americano do Texas,
em meados do 1.º quartel do séc. XX, baseado no romance best-seller homónimo – aliás, nomeado para o prémio Pulitzer de
ficção – do escritor nova-iorquino Philipp Meyer.
A dinâmica de The Son centra-se no percurso vivencial de Eli McCullough,
protagonizado pelo ator famoso Pierce Brosnan – o eterno 007/James Bond –, na
qualidade quer de pater familias
quer de self-made man construtor de
um empório petrolífero hegemónico. Nesse âmbito, a diegese da série enfoca dois
planos narrativos cuja perspetiva de fundo se estrutura tanto na História do
Texas como no ambiente bizarro e violento do Wild West ou Old West.
O plano principal, situado desde 1915, retrata
os McCullough como família aparentemente abastada em função da criação de gado, que procura potenciar
e conglomerar os negócios do rancho através do investimento na exploração do el dorado petrolífero, sob a égide do grande
patriarca Eli McCullough, caracterizado pela personalidade e modo de agir frio,
calculista e maquiavélico.
No plano secundário, situado a partir de 1849, The Son desvenda por analepse o passado sombrio e inquietante de Eli McCullough, a começar pelo cativeiro infligido pelos índios Comanches, que de algum modo contribuiu para a formação do seu carácter vingativo e sanguinário, movido pela crença de que as motivações humanas resultam da “brutalidade, desejo, inveja e ganância” proporcionais à existência num “mundo brutal e injusto”.
No plano secundário, situado a partir de 1849, The Son desvenda por analepse o passado sombrio e inquietante de Eli McCullough, a começar pelo cativeiro infligido pelos índios Comanches, que de algum modo contribuiu para a formação do seu carácter vingativo e sanguinário, movido pela crença de que as motivações humanas resultam da “brutalidade, desejo, inveja e ganância” proporcionais à existência num “mundo brutal e injusto”.
No domínio histórico-social, The Son explora alguns dos conflitos
étnicos e culturais que definiram a formação e composição da identidade dos EUA
no geral e da República/Estado do Texas em particular, referentes às tensões
entre texanos e mexicanos, contextualizadas nas Bandit Wars, fenómeno integrado na Border War (1910-1919) ou Revolução Mexicana, assim como entre
texanos e as tribos de índios Apaches ou Comanches, em meados do 3.º quartel do
séc. XIX.
The
Son capta a atmosfera própria do culminar do espírito do modernismo, de
crença inabalável no progresso, na técnica, na razão, enquanto fundamentos
antropológicos ou axiológicos das conquistas e realizações humanas intrínsecas
às grandes transformações e ramificação técnicas desencadeadas nas sociedades
oitocentistas, no contexto da Revolução Industrial – ou Industrialização –, nas
respetivas fases de desenvolvimento, que no enquadramento da série, radicam no
petróleo como fonte e forma de energia comercial a par do advento do motor de combustão,
mais o germinar das empresas industriais sustentadas nas práticas
do capitalismo, conquanto todo esse ambiente surja miscigenado nas feições tanto rudes e selvagens quanto puritanas da sociedade texana na viragem do séc. XIX para o séc. XX, aspetos personificados por sinédoque no percurso existencial de Eli McCullough, que se assume como o autêntico filho do Texas, inclusive no plano simbólico inerente ao seu nascimento, coincidente com a fundação da República do Texas, concretamente em 2 de março de 1836.
No global, The Son plasma um drama de prestígio, encabeçado pelo carisma do
ator Pierce Brosnan, bem como constitui um western
multigeracional, vocacionado ao gosto dos fãs de Hell on Wheels, a anterior série western de culto do canal AMC, exibida entre 2011 e 2016.
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