Fim de semana de 13 de maio de 2017. Fez-se História. Estórias nunca
vistas nem ouvidas. Eu, mero cultor do ofício de historiador, corei,
pasmei e babei perante o arrebatamento de tamanhos feitos. Mais. É como
se o mundo convergisse para a Portugalidade, essa coisa indefinida entre
a pimbalhice; o hino da Seleção Nacional; os fados da Amália; as
façanhas do rei Eusébio, sim, o fundador da nacionalidade; o regime de
António de Oliveira Salazar, mau como as cobras, mas grande português,
deus o tenha e guarde; as antigas fintas do Figo; os incríveis golos do
Ronaldo, que por sinal também é Cristiano, bem, agora também temos de
contar com o golito do Éder, proporcional à tristeza dos jacobinos; para
os mais eruditos, uns quantos versos dos Lusíadas; e por ai adiante…
Neste Sábado dourado, a “nação valente e imortal” rejubilou e, "já
agora", a propósito, bastante santinha, a julgar pelos milhares que viram
o desfile alado de sua santidade.
Ainda mais importante. A pátria deixou de ser virgem em termos de vitórias no Festival Eurovisão da Canção, graças ao canto do Salvador – o Sobral –, atenção que a composição e interpretação são de valor, bem como dotadas de qualidade artística, autênticas sínteses da música tradicional e popular portuguesa, algo entre a antinomia do corridinho, o melhor do lero-lero do Cante Alentejano, uma certa revolta ou indignação própria do cantar ao desafio, uns rasgos de Fado, mais a imagética e envolvência do António Variações (1944-1984), etc.
Com o devido respeito e orgulho, não resisto a tecer um comentário explicativo da façanha heróica. “Meia-dose”, isso mesmo. O país das gentes de brandos costumes, mas também de parcos recursos financeiros, habituadas às meias de tudo e mais alguma coisa, desde a meia de leite à tuta e meia, enviou uma canção em formato de meia-dose para a Eurovisão e, de repente, deslumbrou a Europa da Cantoria, que comovida votou em força em Portugal, até a Espanha nos concedeu 12 pontitos – pelos vistos, agora a Austrália faz parte da Europa, desconhecia, tenho de rever os meus rudimentos de Geografia, deve de ficar lá para as bandas do Mar Negro, tão escuro que nem se vê o Outback nas fraldas do Velho Continente. Aliás, a Europa comeu e chora por mais.
Por favor, a nação é obrigada a condecorar o jovem, mais conferir-lhe o título de cavaleiro andante ou qualquer coisa do género.
Por último, mas não menos importante, milhares de milhões, praticamente o mundo inteiro festejou o TRETA do Benfica de Vitória – o da águia e do treinador –, perdão, o Tetra Campeonato inédito do glorioso, segue-se o PETA, perdão, o Penta Campeonato para o SLB, “Ave-glorioso”, carreguem papoilas saltitantes – deve ser daquelas que se vendiam na porta 18 –, mostrem como se faz.
Em suma, a alma lusa encheu-se de emoções positivas, tudo está bem quando acaba bem. Amanhã, segunda-feira, já podemos voltar a ser tristes e maus.
Ainda mais importante. A pátria deixou de ser virgem em termos de vitórias no Festival Eurovisão da Canção, graças ao canto do Salvador – o Sobral –, atenção que a composição e interpretação são de valor, bem como dotadas de qualidade artística, autênticas sínteses da música tradicional e popular portuguesa, algo entre a antinomia do corridinho, o melhor do lero-lero do Cante Alentejano, uma certa revolta ou indignação própria do cantar ao desafio, uns rasgos de Fado, mais a imagética e envolvência do António Variações (1944-1984), etc.
Com o devido respeito e orgulho, não resisto a tecer um comentário explicativo da façanha heróica. “Meia-dose”, isso mesmo. O país das gentes de brandos costumes, mas também de parcos recursos financeiros, habituadas às meias de tudo e mais alguma coisa, desde a meia de leite à tuta e meia, enviou uma canção em formato de meia-dose para a Eurovisão e, de repente, deslumbrou a Europa da Cantoria, que comovida votou em força em Portugal, até a Espanha nos concedeu 12 pontitos – pelos vistos, agora a Austrália faz parte da Europa, desconhecia, tenho de rever os meus rudimentos de Geografia, deve de ficar lá para as bandas do Mar Negro, tão escuro que nem se vê o Outback nas fraldas do Velho Continente. Aliás, a Europa comeu e chora por mais.
Por favor, a nação é obrigada a condecorar o jovem, mais conferir-lhe o título de cavaleiro andante ou qualquer coisa do género.
Por último, mas não menos importante, milhares de milhões, praticamente o mundo inteiro festejou o TRETA do Benfica de Vitória – o da águia e do treinador –, perdão, o Tetra Campeonato inédito do glorioso, segue-se o PETA, perdão, o Penta Campeonato para o SLB, “Ave-glorioso”, carreguem papoilas saltitantes – deve ser daquelas que se vendiam na porta 18 –, mostrem como se faz.
Em suma, a alma lusa encheu-se de emoções positivas, tudo está bem quando acaba bem. Amanhã, segunda-feira, já podemos voltar a ser tristes e maus.
CA
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