The Expanse – estreia em televisão, 2.ª temporada, desde 1 de fevereiro – representa, na forma de série, uma espécie de novela ou odisseia espacial, baseada nos romances de ficção-científica homónimos rubricados por James S. A. Corey, adaptados para televisão por Mark Fergus e Hawk Ostby, os mesmos criadores dos filmes Iron Man.
Produzida e transmitida originalmente pelo canal norte-americano Syfy, o sucesso relativo motivou a compra dos direitos por parte da plataforma de streaming Netflix.
Drama, mistério e ficção científica, The Expanse situa-se 200 anos no futuro, no séc. XXIII, numa era de colonização global do sistema solar, dinamizada e representada por diferentes fações político-militares.
Nos “planetas interiores”, a Terra, sob a égide das Nações Unidas (UN), coexiste com Marte, controlado pelo regime da Martian Congressional Republic (MCR).
Nos subsistemas ou “planetas exteriores”, localizam-se as colónias mineiras da Cintura de Asteroides, disco circunstelar estratégico, por constituir o motor da economia e comércio interplanetários, visado pelas operações paramilitares da Outer Planets Alliance (OPA), movimento – considerado terrorista tanto pelo governo terrestre como marciano – com pretensões políticas separatistas, que age no sentido da independência dos planetas exteriores e na procura de unificar os “belters” sob o seu domínio.
A série funde a trama político-militar espacial futurista com as feições de thriller noir e investigação policial, ao desvendar progressivamente a vasta conspiração que ameaça o deflagrar da guerra interplanetária, assim como o agente patogénico conhecido por “Protomolécula” ou “Phoebe bug” – associado a “experiências científicas loucas” e tentativas de conversão em arma biológica –, de origem extraterrestre, dotado de propriedades energéticas singulares, capaz de induzir novos estados de existência face à capacidade de alterar formas de vida, assimilar e utilizar biomassas, que ao eclodir e, por consequência, contaminar a estação espacial e colónia mineira Eros, coloca em risco a própria humanidade.
No centro da ação e intriga, figura a tripulação da Rocinante, nave corveta da armada marciana, constituída pelos sobreviventes do ataque a um cargueiro de gelo, que, por vicissitudes ou acontecimentos insólitos, assumem o comando pirata ou mercenário do vaso de guerra.
The Expanse oferece vários universos dentro do mesmo universo épico, ao conglomerar diferentes perspetivas narrativas – reciprocas ao elenco-base alargado – que convergem de forma gradativa. Tal característica cria algum ruído ou estranheza inicial, em relação à dinâmica da série e qualidade hedónica personificada no enredo, sobretudo nos primeiros episódios da 1.ª temporada, repletos de informações, nuances e maquinações difíceis de acompanhar ou assimilar.
The Expanse vocaciona-se ao gosto dos fãs de Battlestar Galactica, por emular, em certa medida, a atmosfera e envolvência da série de culto, atributos sublimados pela qualidade audiovisual, acuidade dos efeitos gráficos, físicas impressionantes e algumas cenas thriller aliciantes, pelo que representa um formato obrigatório na agenda dos aficionados da ficção-científica.
CA
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