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SÃO TOMÉ, O CIENTISTA – (Pasticho)


É comummente aceite que o fundamento da Ciência em qualquer área, sistema – racionalismo, empirismo, naturalismo, positivismo – ou modelo/paradigma – física de Newton, teoria da relatividade (A. Einstein), teoria da incerteza ou indeterminabilidade (Heisenberg) ou teoria quântica – parte da dúvida e da incerteza para alcançar conclusões/leis probabilísticas e corroboráveis.

O relato de S. Tomé é conhecido. Para os que acreditam, a quando da Ressurreição, Jesus Cristo apareceu a Tomé que duvidando do que os seus olhos viam lhe fez um pedido. "Senhor se és tu deixa-me que te toque….". E assim foi. Desde então que a S. Tomé é atribuído o axioma/teorema consubstanciado na expressão: "Ver para Crer".

Na realidade estamos a falar na fundação do método científico… Ver tem o mesmo valor e significado que observar, analisar, experienciar, experimentar, recolher provas/factos/dados e evidências. Já crer, por seu lado, aponta para algo que é dotado de valor de prova, uma conclusão, juízo ou lei, algo que foi demonstrado e que é transmitido de forma demonstrativa num discurso que visa convencer os pares, a comunidade científica e a opinião pública.

É precisamente nos ditames da demonstração e do valor de prova e convencimento dos sujeitos supracitados que a Ciência assenta e procede no sentido de estabelecer uma determinada lei científica ou paradigma como sendo probabilístico e corroborável.

Tomé creu, isto é, ficou convencido… enquanto que os outros discípulos aceitaram a Ressurreição de Cristo pela fé… Tomé, ao invés procedeu de forma científica perante o fenómeno e evento que surgiu diante dos seus olhos e sentidos. Contudo para ficar convencido da veracidade de tal facto, recolheu provas, observou, analisou, pôs à prova, a fim de apreender as evidências.
É essa a diferença entre a Religião/Metafísica e a Ciência: a 1.ª tem a sua essência na fé que leva ao comportamento atitudinal de acreditar; a 2.ª tem por natureza e fundamento a observação, a análise, a prova, a demonstração e a evidência que pretende convencer.

A premissa fundadora da Ciência Tomésiana é "Ver para Crer". Tal abarca a dúvida metódica Cartesiana – "Existo porque duvido" –, bem como a corrente de pensamento que se lhe opõe, o Empirismo de John Locke, que afirmava: "Existo porque vejo".

De igual modo Tomé procedeu de forma experiencialista e experimentalista muitos séculos antes do emergir de personalidades que enchem de orgulho Portugal, como é o caso de Damião de Góis, Garcia da Orta e Pedro Nunes, mas também outras personalidades de vulto em termos da História da Ciência e da Técnica como Galileu, Espinoza, Newton, A. Comte, A. Einstein, Heisenberg et. al.

Assim sendo, afirmo que pela dúvida sobre a Ressurreição de Cristo S. Tomé descobriu o fundamento e âmago do método científico – "Ver para Crer" – S. Tomé acabou por acreditar na Ressurreição de Cristo não pela fé como os seus pares – Apóstolos e Discípulos – mas pela Ciência! O relato de S. Tomé pretende funcionar como a prova científica da Ressurreição de Cristo.

Em suma, a Tomésologia tem o seu âmago na premissa "Ver para Crer"; a sua gnosiologia firma-se no ver, constatar, observar, analisar, pôr à prova, experienciar, experimentar; a sua epistemologia matiza-se na dúvida e probabilidade, e a sua deontologia é um percurso: 1.º Duvidar 2.º Verificar 3.º Provar 4.º Comprovar, isto é, afirmar aos outros, relatar a prova. Perante o quadro traçado afirmo que S. Tomé é o 1.º cientísta moderno.

Se estava certo ou errado? Se as suas conclusões são verdadeiras ou falsas e têm lógica? Se são prováveis e corroboráveis? Quem viver verá… pois para S. Tomé é certo que como Cristo Ressurgiu dos mortos, virá novamente. Esse é o verdadeiro legado e advento científico de S. Tomé. Se aceitarmos tal herança teremos a oportunidade de confirmar a hipótese de Ver para Crer.

CA

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