Casino Royal inicia uma nova era na saga e marca James Bond, transfigurando-o. Estilo, pose e postura permanecem very british e continuam bem vincados na sua imagem. Bond mantém-se dândi no seu trajar clássico – fato e gravata – mas quando é necessário veste indumentárias mais casuais ou desportivas, claro está, sempre haut couture.
A nível psicológico e temperamental Bond tornou-se mais frio. Sem deixar aspectos tradicionais de sanguinidade da personagem – desde logo o seu relacionamento com as Bond Girls – o James Bond reencarnado por Daniel Craig é motivado pelo móbil do dever e da missão, expondo-se mais ao perigo e receando menos as cicatrizes, enquanto que com Pierce Brosman e até mesmo com Sean Connery mantinha uma certa preservação narcisista.
No plano mais sociológico e da interacção com o género oposto, as Bond Girls que contracenavam com Pierce Brosman serviam-lhe de prémio, troféu e desafio. Já com Daniel Craig elas fazem parte da missão, do objectivo e da solução... James Bond não deixa de flertar, mas de uma forma menos fescenina e frívola... Inaudito, em Casino Royal surge a hipótese de Bond deixar a sua poligamia ou plurisexualidade e enveredar pelo compromisso monogâmico com Vesper, o que se revela inviável pelo facto dela ser mais uma das Bond Girls que acaba morta no desenrolar da trama...
As qualidades hedónicas e gostos de 007 perpetuam-se. Martinis, Wisky, carros, roupa, relógios, telemóveis e aposentos recatados patenteiam um certo snobismo granjeado em marcas como "Range Rover", "Aston Martin", "Omega", etc... Acrescenta-se apenas a novidade das tecnologias multimédia digitais topo de gama, tanto como information supply, databases e briefings ou travel messages.
O Bond desempenhado por Daniel Craig enfrenta desafios e missões que tem como cenografia e storyboard as questões do mundo presente e actual, tais como a corrupção, o terrorismo, o mundo político multipolar e lobbys – monopólios, cartelizações de produtos essências à sociedade e ao desenvolvimento como o petróleo, ou recursos naturais essenciais à vida como a água – rompendo com o pano de fundo e layout da Cold War e as suas consequências colaterais ao longo da História, que perpetuou-se como o mainstream dos filmes de 007.
Assistimos, de certa forma, ao refundar da marca Bond… Desde logo, porque é a primeira vez que um filme precedente – Quantum of Solace – é a sequela do anterior, Casino Royal.
Bond torna-se verosímil. Mais. O universo fantástico patenteado e criado pela tecnologia provida para uso de 007 por "Q" perde preponderância. A personagem exibe verdadeiramente os seus skills. Bond está mais rápido, activo, perspicaz e é totalmente independente dos utensílios tecnológicos. Uma nova destreza faz com que uma arma ou os seus próprios punhos sirvam e bastem para completar a missão ou deslindar o plot. Bond é agora mais assertivo nas suas falas e forma de comunicação, perdurando todavia, o seu humor burlesco e sarcástico, pautado por momentos de tom maquiavélico e sádico…
Esta nova dinâmica dos filmes Bond não deixa de ser integradora. Com efeito, em Quantum of Solace recuperam-se personagens de filmes anteriores como "Félix" – agente da CIA amigo de James Bond – e Mathis… Inabalável, insubstituível e entronizada mantém-se por enquanto a cabeça feminina do MI6, "M" interpretada por Judie Dench.
Os dois últimos filmes de 007 relegaram para plano mais secundário os efeitos especiais e investiram no enredo, banda sonora e jogos de som/imagem. A marca de água do filme já não é encher o olho, mas sim captar a atenção, dado esse que obriga a trabalhar todos os takes ao mais ínfimo detalhe e pormenor. O Bond impressionista cedeu lugar ao mosaico. O velho suspense bate aos pontos os supostamente inovadores efeitos especiais.
Uma última referência para os Genéricos iniciais perenes de criatividade e ilustrativos do tema/título de cada filme geminados no respectivo tema musical sempre dotado de solenidade orquestral. Na minha opinião o mais original de todos é composto pela música You Know My Name de Chris Cornell, utilizando os motivos e adereços inerentes a um título como Casino Royal.
É sempre difícil escolher qual é o actor que representa o melhor Bond. Daniel Craig tem o meu endosso.
A nível psicológico e temperamental Bond tornou-se mais frio. Sem deixar aspectos tradicionais de sanguinidade da personagem – desde logo o seu relacionamento com as Bond Girls – o James Bond reencarnado por Daniel Craig é motivado pelo móbil do dever e da missão, expondo-se mais ao perigo e receando menos as cicatrizes, enquanto que com Pierce Brosman e até mesmo com Sean Connery mantinha uma certa preservação narcisista.
No plano mais sociológico e da interacção com o género oposto, as Bond Girls que contracenavam com Pierce Brosman serviam-lhe de prémio, troféu e desafio. Já com Daniel Craig elas fazem parte da missão, do objectivo e da solução... James Bond não deixa de flertar, mas de uma forma menos fescenina e frívola... Inaudito, em Casino Royal surge a hipótese de Bond deixar a sua poligamia ou plurisexualidade e enveredar pelo compromisso monogâmico com Vesper, o que se revela inviável pelo facto dela ser mais uma das Bond Girls que acaba morta no desenrolar da trama...
As qualidades hedónicas e gostos de 007 perpetuam-se. Martinis, Wisky, carros, roupa, relógios, telemóveis e aposentos recatados patenteiam um certo snobismo granjeado em marcas como "Range Rover", "Aston Martin", "Omega", etc... Acrescenta-se apenas a novidade das tecnologias multimédia digitais topo de gama, tanto como information supply, databases e briefings ou travel messages.
O Bond desempenhado por Daniel Craig enfrenta desafios e missões que tem como cenografia e storyboard as questões do mundo presente e actual, tais como a corrupção, o terrorismo, o mundo político multipolar e lobbys – monopólios, cartelizações de produtos essências à sociedade e ao desenvolvimento como o petróleo, ou recursos naturais essenciais à vida como a água – rompendo com o pano de fundo e layout da Cold War e as suas consequências colaterais ao longo da História, que perpetuou-se como o mainstream dos filmes de 007.
Assistimos, de certa forma, ao refundar da marca Bond… Desde logo, porque é a primeira vez que um filme precedente – Quantum of Solace – é a sequela do anterior, Casino Royal.
Bond torna-se verosímil. Mais. O universo fantástico patenteado e criado pela tecnologia provida para uso de 007 por "Q" perde preponderância. A personagem exibe verdadeiramente os seus skills. Bond está mais rápido, activo, perspicaz e é totalmente independente dos utensílios tecnológicos. Uma nova destreza faz com que uma arma ou os seus próprios punhos sirvam e bastem para completar a missão ou deslindar o plot. Bond é agora mais assertivo nas suas falas e forma de comunicação, perdurando todavia, o seu humor burlesco e sarcástico, pautado por momentos de tom maquiavélico e sádico…
Esta nova dinâmica dos filmes Bond não deixa de ser integradora. Com efeito, em Quantum of Solace recuperam-se personagens de filmes anteriores como "Félix" – agente da CIA amigo de James Bond – e Mathis… Inabalável, insubstituível e entronizada mantém-se por enquanto a cabeça feminina do MI6, "M" interpretada por Judie Dench.
Os dois últimos filmes de 007 relegaram para plano mais secundário os efeitos especiais e investiram no enredo, banda sonora e jogos de som/imagem. A marca de água do filme já não é encher o olho, mas sim captar a atenção, dado esse que obriga a trabalhar todos os takes ao mais ínfimo detalhe e pormenor. O Bond impressionista cedeu lugar ao mosaico. O velho suspense bate aos pontos os supostamente inovadores efeitos especiais.
Uma última referência para os Genéricos iniciais perenes de criatividade e ilustrativos do tema/título de cada filme geminados no respectivo tema musical sempre dotado de solenidade orquestral. Na minha opinião o mais original de todos é composto pela música You Know My Name de Chris Cornell, utilizando os motivos e adereços inerentes a um título como Casino Royal.
É sempre difícil escolher qual é o actor que representa o melhor Bond. Daniel Craig tem o meu endosso.
CA
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