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PANDEMIA COVID-19

COVID-19, a pandemia rocambolesca da era global, declarada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a 11 de março de 2020, que testa os limites da sociedade de consumo, da informação – media e social media –, do lazer, da vibe. A Síndrome Respiratória Aguda Grave 2, ou SARS-CoV-2, representa o agente patogénico indutor da doença COVID-19. De forma enigmática, o surto epidemiológico SARS-CoV, de 2002-2004, que se julgava erradicado, imergiu a Humanidade numa nova estirpe pandémica claustrofóbica.

No tsunami COVID-19, enquanto o mundo sustém a respiração, para evitar contágio, o planeta respira de alívio. Com efeito, esta “greta” socioeconómica do novo coronavírus diminui ativamente a pegada ecológica, na medida em que representa menos um milhão de toneladas mundiais diárias de CO2! A História da sala de aula, pelos piores motivos, converte-se em História Viva, desmentindo o vaticínio falacioso – O Fim da História – de Yoshihiro Francis Fukuyama, até porque é inevitável o paralelismo secular com a Gripe Espanhola (1918-1920). A economia global implode face à diligência dos microrganismos – quase sencientes – desta síndrome, registando-se hecatombes: declínio da China e mercados asiáticos, isolamento da Europa, e soçobrar protecionista dos EUA. As estratégias de contingência ou mitigação evocam os modelos clássicos da pólis na Grécia Antiga: Esparta ou Atenas? 

No plano antropológico multigeracional, a distopia COVID-19 desafia a resiliência dos baby boomers e seus descendentes, a Geração X, assim como o relativismo, talvez narcisismo bacoco, dos Millennials e Zappers. Portugal, à beira-mar plantado, acolheu a infeção virolenta com praia e banhos de sol, o mesmo desdém pelo establishment governativo revelado nos momentos eleitorais. Mas nem tudo são más notícias. Em 17 de março, nasceu o primeiro “bebé-covid” português, no Hospital de S. João, no Porto. Se não fosse pela crise de lenços e papel, até ficava com lágrimas nos olhos! Laborem as redações e tipografias, no interesse de dar, ao prelo e à estampa, as notícias que, subsequentemente, servirão para limpar os nossos medos coletivos. 

Nesta crise sanitária intercontinental, é como se o mundo embarcasse num imenso cruzeiro psicótico, qual Barco do Amor, tedioso, difícil de assoar, embalados pela neura: “Corona is in the air, Corona is in the air!”. Com o novo coronavírus, somos todos influencers, acreditamos numa experiência catártica romântica universal, bem como perspetivamos um desfecho humanista. Desse modo puritano, infantilizamos a nossa cosmovisão. Esta tempestade pandémica representa um nexo de sobrevivência, que, ansiosamente, fita o arco-íris de uma vacina a par de fármacos eficientes, mas a bonança fará de nós o que sempre fomos, seres humanos capazes do melhor ou do pior. 

Estamos em guerra, somos soldados. Os avós deixaram-se de cantigas com os netos. Os pais, perdão, os encarregados de educação descobriram que têm filhos. Vivemos em autoisolamento profilático, quarentena, confinamento, “telecoiso”! Neste esforço de guerra algo dantesco, para mandar a COVID-19 dar a curva, importa quedar-nos no reduto do lar, por forma a preservar a vanguarda, os profissionais e capacidade de resposta do sistema de saúde. De momento, a melhor inoculação consubstancia-se em boas atitudes e valores cívicos, tais como inteligência, respeito, solidariedade, equilíbrio, sobretudo distinguir entre liberdades, risco e segurança.

CA

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