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MORAL ON TOP – Reflexão

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A minha moral está sempre top, só que, às vezes, faz topless. Na realidade, a moral é uma questão de striptease! O que verdadeiramente importa é não sermos tapados nem para nós nem para os outros. Aliás, esse motivo repercute a grande qualidade erógena da axiologia. E, se a índole é boa, qual é o mal do topless? De forma humanista, a moral deve exibir a verdade, o bem e o belo, ao invés de trejeitos soturnos misantropos como o preconceito, o estereótipo, o orgulho ou o egotismo, que só a desvirtuam com míseros trapinhos. Um conselho, imolem tais andrajos.

No devir existencial e individuação, todos personificamos valores nucleares, que nos definem enquanto seres bio-psico-sócio-culturais, conforme intuído por Edgar Morin, notável erudito e humanista contemporâneo. No meu insight, descobri que a compreensão a par da complexidade representa a minha matriz atitudinal, ou seja, aquilo que procuro em mim e nos outros. Nessa medida, experiencio, no dia a dia, o etos noir romanesco do aforismo: «I adore simple pleasures. They are the last refuge of the complex.» (WILDE, Oscar (1891) – The Picture of Dorian Gray).

A grande controvérsia antropológica da moral são as ambivalências dos tais valores nucleares que regulam o comportamento, os relacionamentos e a sociabilidade do indivíduo, na medida em que, a título hipotético, a essência da personalidade de alguém poderá radicar no amor, mas também poderá conglomerar-se com traição. Todos nos sentimos genuínos na mentalidade, hábitos e costumes, sem o sermos na realidade. Mais. Além de não denotarmos nuances hipócritas, conotamos como ofensa qualquer crítica à delicada autenticidade do nosso carácter. Uma vida é insuficiente para percecionarmos a natureza antitética de todos os nossos alter-egos. 

A perceção ética ou estética da moral depende do olhar, até porque, conforme preconiza o adágio, “a beleza está nos olhos de quem vê”, e a melhor forma de fitar alguém é com o coração. Mas, na Era do Vazio, a ontologia revela-se frágil a par de relativista. Desse modo, na labilidade da nossa psique narcisista, somos levados a pensar com os olhos mas esquecemo-nos de olhar com o coração, atitude essencial para, de facto, reconhecermos a identidade, o valor e a dignidade do outro: o verdadeiro caminho da intimidade, bem como da felicidade.

Aparências são mero contentamento – aliás, até pode ser vão e efémero –, felicidade é compreender que o mundo nunca será perfeito, mas que pessoas imperfeitas podem fazer contextos absolutamente perfeitos. 

CA

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