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TOMB RAIDER – Alicia Vikander


Tomb Raider – estreia em cinema, desde 15 de março, em Portugal – representa a versão cinematográfica dos videojogos homónimos mais recentes, dinamizados pela Crystal Dynamics. De volta ao grande ecrã, Lara Croft, heroína consagrada da realidade virtual, acicata o fascínio dos fãs, mas não satisfaz de todo o ardil dos cinéfilos.

De forma Kafkiana, conforme a antinomia induzida pela série de videojogos atual, Lara personifica uma boa rebelde, que vive na selva urbana da megalópole londrina, dotada de atributos intuitivos ou capacidades inatas, sobretudo a mestria para deslindar enigmas, habilidades adquiridas sem qualquer formação académica ou treino físico específico. Por seu turno, no plano das continuidades, a protagonista exibe as coreografias e a agilidade que celebrizaram a lendária Tomb Raider.

Lara Croft, interpretada por Alicia Vikander, demarca-se do appeal algo fetichista implícito nas performances de Angelina Jolie, ou de Rhona Mitra, modelo Tomb Raider original, para emular de modo fidedigno os trejeitos do ícone feminino da realidade virtual, conquanto se denotem lacunas na psicologia das emoções e comunicação da personagem. Na realidade, a longa-metragem conglomera-se em demasia com o universo dos videojogos, fator que perturba a fruição do enredo. 



Desse modo, a compreensão da intriga apocalíptica, associada ao misticismo nipónico a par da ameaça de eclosão de um vírus ou septicemia ancestral, perde fluidez, suspense e mistério. No global, o filme vale pela acuidade sensitiva das cenas de aventura e ação, em particular na ilha e cripta sinistras de Yamatai. Porventura, a versão cinema de Tomb Raider deveria oferecer mais chispa, proporcional à magnitude do enredo, que interliga à ficção os aspetos mais misteriosos da História, Arqueologia e Mitologia. Mas, considerados alguns termos de comparação inerentes à oferta cultural de videojogos ou de filmes de culto semelhantes, como, por exemplo, as sagas Uncharted e Indiana Jones, respetivamente, torna-se cada vez mais difícil à Sétima Arte surpreender as plateias. 

CA

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