TURN: Washington's Spies – estreia em televisão, 4.ª e última temporada, desde 17 de junho – representa, na forma de drama de época, o contexto histórico da Revolução Americana após a Declaração de Independência de 4 de julho de 1776, pela perspetiva dos jogos de espionagem e ações de sabotagem perpetradas por agentes a serviço do Exército Continental, sob a égide do general George Washington (1732-1799), face ao Exército Britânico, defensor dos interesses ou pretensões da coroa, reino e império ultramarino de Jorge III (1738-1820). A minissérie, produzida e transmitida pelo canal AMC, baseia-se no estudo historiográfico Washington’s Spies: The Story of America’s First Spy Ring, do investigador Alexander Rose.
Na essência, TURN retrata os aspetos mais insidiosos sobre a realidade da guerra de independência empreendida pelas 13 colónias inglesas da Costa Leste da América do Norte, entre 1775 e 1783, através do ambiente maçónico, tramas e secretismo intrínsecos à rede ou círculo de espionagem apelidado de Culper Ring, gizado e liderado pelo major – posteriormente tenente-coronel – Benjamin Tallmadge (1754-1835), mediante ordens e diretrizes do próprio general George Washington, no intuito de fornecer informações credíveis aos rebeldes americanos sobre as operações militares inglesas na cidade e província de Nova Iorque. Nessa medida, o enredo reflete a circunstância – relações pessoais e meio sociopolítico – e os atos de sedição protagonizados pelos membros do Culper Ring, na sua maioria naturais da comunidade agrícola costeira de Setauket, em Long Island, tais como:
– Ben Tallmadge (1754-1835), oficial militar americano na divisão correspondente aos II Continental Light Dragoons, aka John Bolton: ator Seth Numrich;
– Abraham Woodhull (1750-1826), aka Samuel Culper, Sr.: ator Jamie Bell, bastante conhecido dos millennials;
– Caleb Brewster (1747-1827), o principal “correio” do esquema de espionagem: ator Daniel Henshall;
– Robert Townsend (1753-1838), protestante quaker, aka Samuel Culper, Jr.: ator Nick Westrate;
– Anna Strong (1740-1812): atriz Heather Lind.
O restante elenco conta com a craveira de atores renomados, principalmente Angus Macfadyen, no papel de Robert Rogers (1731-1795), tenente-coronel dos Queen’s Rangers, a par de Kevin McNally, conhecido de Piratas das Caraíbas, que interpreta o juiz Richard Woodhull (1712-1788).
No âmbito do contexto histórico, TURN capta o espírito belicista de guerrilha que caracterizou o conflito entre 1775-1778, respeitando a sequência cronológica dos principais factos da História das Relações Internacionais, História Política e, sobretudo, da História Militar que opôs os Blue Coat, tropas e milícias continentais aos Red Coat, Queen’s Rangers, Hessianos – mercenários germânicos a serviço do Império Britânico – e Royal Navy.
Na diegese, TURN altera ou romanceia algumas nuances da História da Vida Privada dos membros do Culper Ring, assim como adota determinadas liberdades ficcionais em relação à realidade histórica. A dinâmica da intriga centra-se na atmosfera de tensão e desconfiança inerente às ações intentadas pelos agentes espiões patriotas, mais a contrarréplica dos lealistas americanos e exército inglês, mandatados pelo rei Jorge III, na tentativa de descredibilizar, desmoralizar e, em última instância, minar o novo establishment, a Realpolitik e o esforço de guerra separatista ou independentista atinentes ao II Congresso Continental, que atuou como governo, de facto, entre 1775-1781.
Entre as tramas retratadas, destaca-se a intriga de fundo inerente à deserção para o Exército Britânico do general Benedict Arnold (1741-1801), conspirando com o major John André (1750-1780), sobretudo através do plano de rendição do forte estratégico de West Point, importante para controlar o acesso ou a navegação entre o estuário e o vale do rio Hudson, na província de Nova Iorque, sendo que o desmascarar do complô pelo Exército Continental resultou na captura, julgamento como espião e execução por enforcamento do oficial britânico John André.
Nas manobras de destabilização político-militar dos rebeldes e patriotas americanos, realça-se a tentativa inglesa de destruir de raiz a aliança entre o II Congresso Continental e a Monarquia Francesa, personificada sobretudo no Marquês de La Fayette (1757-1834) – Marie-Joseph Paul Yves Roch Gilbert du Motier –, que serviu no Exército Continental como major-general.
Na perspetiva das curiosidades históricas, TURN alude às operações militares do submergível Turtle, o primeiro submarino de guerra do mundo com atividades bélicas documentadas, utilizado nas tentativas – fracassadas – de sabotar navios da Royal Navy ancorados no porto de Nova Iorque, em meados de 1776.
Nas manobras de destabilização político-militar dos rebeldes e patriotas americanos, realça-se a tentativa inglesa de destruir de raiz a aliança entre o II Congresso Continental e a Monarquia Francesa, personificada sobretudo no Marquês de La Fayette (1757-1834) – Marie-Joseph Paul Yves Roch Gilbert du Motier –, que serviu no Exército Continental como major-general.
Na perspetiva das curiosidades históricas, TURN alude às operações militares do submergível Turtle, o primeiro submarino de guerra do mundo com atividades bélicas documentadas, utilizado nas tentativas – fracassadas – de sabotar navios da Royal Navy ancorados no porto de Nova Iorque, em meados de 1776.
No plano dramático, a minissérie exibe equilíbrio entre suspense, ação e aventura, intercalados por alguns momentos de thriller, dotados de violência física e psicológica, principalmente por meio das atitudes e ações do oficial britânico John Graves Simcoe (1752-1806), caracterizado como sádico e sociopata, quer na condição de capitão de regimento no exército regular quer na posição de tenente e comandante dos Queen’s Rangers.
No global, TURN oferece um enredo de qualidade contextualizado em ambiente de guerra, rebelião e traição, até porque a atmosfera de suspeição assume contornos familiares, passionais e sociopolíticos: prevalece a desconfiança sobre a lealdade ou dissimulação de parentes, amantes, amigos, conhecidos, servos, soldados, oficiais, etc.
No global, TURN oferece um enredo de qualidade contextualizado em ambiente de guerra, rebelião e traição, até porque a atmosfera de suspeição assume contornos familiares, passionais e sociopolíticos: prevalece a desconfiança sobre a lealdade ou dissimulação de parentes, amantes, amigos, conhecidos, servos, soldados, oficiais, etc.
Para os aficionados da História, TURN representa uma versão aliciante e formativa – embora composta por liberdades ficcionais – da Revolução Americana (1775-1783), que, por seu turno, consubstanciou o início da Grande Revolução Atlântica, fenómeno decorrente entre o final do séc. XVIII e o 1.º quartel do séc. XX, caracterizado por guerras de libertação colonial a par das revoltas resultantes na deposição dos regimes monárquicos em geral e do Absolutismo, Ancien Régime ou Despotismo em particular, onda revolucionária que culminou na Revolução Bolchevique de outubro de 1917, na Rússia, a qual derrubou a autocracia czarista de Nicolau II.
CA
Comentários