Be Myself – lançado em 21 de abril – plasma o 9.º álbum de estúdio da artista multifacetada Sheryl Crow. Ritmo, melodia, vibração e profusão acústica definem os principais atributos do trabalho discográfico mais recente da cantora, compositora, guitarrista e baixista veterana. De forma vívida, as sonoridades personificam versões cumulativas ou amadurecidas das “rockadas” rubricadas pela interprete cinquentenária.
No global, Be Myself sustenta-se na fusão da matriz Country Rock, Folk Rock e Roots Rock – conjugação dos estilos Folk, Blues e Country – com as tendências pós-modernas do R&B, Pop-Rock e, de modo indelével, talvez ligeiros rasgos de Funk.
Na musicalidade e mundivivência catalisadas pelo álbum, sobressai o tom oxímoro, em razão de às melodias cativantes e alegres corresponderem, por vezes, estórias algo melancólicas ou reflexivas, características que fazem parte do groove de Sheryl Crow, pautado pelo jogo de emoções entre os estados de alma sanguíneos e introspetivos.
Nessa medida, os efeitos acústicos da voz, guitarras, baixos e da percussão sugerem revivalismos de algumas feições do Rock-Blues de Eric Clapton, mas sem exageros melodramáticos, até porque seriam contraproducentes à energia usualmente transmitida pela música Rock de Crow. Mais. No âmago das canções, Sheryl enfoca o senso comum mais otimista, em particular na evocação vitalista Love Will Save The Day – 6.ª faixa do alinhamento –, que para lá do cliché, comumente parafraseado no imaginário musical – o refrão mais célebre pertence a Des’ree, expressão também associada a composições originais de Whitney Houston, Boyzone, David Usher, etc –, na perspetiva das perceções e representações sobre a realidade, constitui um mote tão inspirador quanto o aforismo de Fiódor Dostoiévski: «A beleza salvará o mundo.».
A dinâmica de Be Myself recupera o brilho acústico, a vivacidade rítmica, a toada provocadora e, em certa medida, o cunho western-pistoleiro das melhores canções da carreira galardoada de Sheryl Crow.
CA
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