This is Acting e 1000 Forms of Fear personificam os álbuns de estúdio mais recentes da cantora e compositora australiana veterana SIA Furler, conglomeram-se na perspetiva das aportações e acuidade musical, bem como demonstram o dinamismo inato e multifacetado da intérprete, ao constituírem manifestações absolutas do seu talento.
Na natureza acústica e das polifonias realça-se a fusão de sonoridades e estilos, que sincretizam o género Eletropop com R&B, Música Eletrónica, Reggae e modelações de Canto Lírico.
A qualidade e espectro vocal de SIA sustentam a essência munificente das melodias indutoras de qualidade hedónica e do apelo sensitivo. Destaco a título de gosto pessoal, a componente de sedução catalisada no tanger esforçado e rouquidão sensual da cantora da Oceania.
A fruição musical e rítmica – revisitando alguns efeitos Jamiroquai, estilo bem conhecido e familiar para SIA – despertam o sentimento inspiracional, o apelo reflexivo, sondam a psique, a vida interior, desencadeiam a viagem ao subconsciente compaginada com a profanidade corpórea assente no ilícito miscigenado da batida Pop, meio Chill-Out, algo Pós-Disco e House Music, balouçando alma e corpo.
No som elegante de SIA denota-se um certo revivalismo de MOLOKO famosa banda anglo-irlandesa de Eletropop, em atividade desde os early 90's até meados da 1.ª década do presente séc. XXI, que atingiu o seu apogeu no fin de siécle, em virtude de ambas tipificarem a proposta de sonoridade sofisticada e o sentido rítmico paradoxal, ténue e galvanizante em simultâneo, quase como se fossem a evolução pós-modernista do Foxtrot dos loucos anos 20, consubstanciam o tom apolineo formativo de um conceito e espiritualidade musical vitalista.
As músicas de SIA também integram na sua matriz sensitiva o simbolismo abstrato e incógnito materializado em termos de video clip e dos espétaculos, através dos movimentos elegantes do Ballet Clássico e coreografias arrojadas de grande destreza e agilidade, assim como uma estética de personagens servidas por indumentária e moda simples, fina e requintada, de inspiração animista convergente com o triunfalismo do imaginário feminino juvenil enigmático, quase como se para SIA cantar fosse apenas uma brincadeira de criança!
CA
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