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SAIA MAIS UM "ANIMAL POLÍTICO" – (Sátira)

Nutro o sincero desejo que os políticos sejam de facto governantes ao invés de meros alvitreiros, preferencialmente sem poses, tiques ou acessos de snobismo. No plano nacional muito distante está a erudição oitocentista inerente à mordacidade viperina das Farpas de Ramalho Ortigão, assim como à argúcia política de Almeida Garett e Alexandre Herculano, apenas para referir algumas personalidades.
Infelizmente hoje não temos verdadeiramente política em Portugal, na perspetiva da sua essência, doxa e ciência. Temos sim uma inúmera classe de políticos, ex. jotinhas, profundamente egotistas, bem como deputadas dondocas que não são mais do que o seu look coquete, vislumbrando-se a falta de currículo, de uma formação de base satisfatória, meros produtos de marketing e politiquice partidária, vivem de subvenções super remuneradas face à representatividade e dimensão do país, adscritos ao clientelismo incomensurável e burocracias parasitárias, porventura nem sequer personificam competência para governar o seu domicílio.
É indiferente falar-se dos quadrantes de geoestratégia política da esquerda, do centro ou da direita. Fazem por viver permanentemente em campanha, panfletista e demagógica, quanto muito vamos tendo uma politiquinha de estábulo e taberna, na qual os tasqueiros são sempre os mesmos. Florilégios, pregões e super abundância de clichés! Sentido de Estado, consciência nacional ajustada ao panorama de integração europeia não podem existir onde não há cultura nem formação.
À política não chega a imagem, é preciso a competência, mas há muitos políticos vaidosos da sua imagem ou aparência política sem contudo terem competência para fazerem política, entenda-se por competência o acumulado de formação base ou experiências profissionais, e de preferência as duas.
O momento presente da Realpolitik portuguesa radica num impasse de radicalização e extremismo, mas que não constituiu nenhuma inversão ou alternativa governativa, conforme demonstra a prática democrática de 40 anos, na medida em que continuará a beneficiar essa figura económico-social denominada de político. 
A política nacional é tão inócua e bacoca que até a "bodega" do voto eletrónico, no contexto da moção de rejeição ao governo, que resolvia o assunto com um simples clique de botão, salvaguardando a tão familiar lei do menor esforço, ao necessitar apenas do uso de uma das mãos, enquanto a outra se mantém a "coçar" para dentro, acabou por encravar, tudo isto num dos parlamentos que faraonicamente reputa-se como um dos mais tecnológicos no panorama dos hemiciclo e assembleias democráticas europeias. Os deputados tiveram de cumprir à antiga a maçada de levantar os inefáveis e dourados traseiros dos seus assentos e lá conseguiram por fim engatar o escrutínio.
Na "momentosa" esquizofrenia entre esquerda e direita, partilho um aforismo humanista e renascentista, ambidestro à natureza  humana: «Mas a ambição do Homem é tão grande que, para satisfazer a vontade presente, não pensa no mal que daí a algum tempo pode resultar dela.» Nicolau Maquiavel (1469-1527).

CA

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