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"DAD BOD" – (Reflexão)

Dad bod, um novo estereótipo estético e da sexualidade emergiu na pop culture sistémica em que consiste esta nossa aldeia global, consignando perceções e representações da realidade e do imaginário, gizadas pelas auto denominadas sexy girls que quiçá saturadas dos instintos queer ou laivo hardcore indutor de comportamentos de fornicatio objetivados em recorrentes episódios de traição e extraconjugalidade por parte de metrossexuais, entre outros, enveredaram por tal cosmovisão menos criteriosa, dir-se-á uma fase fluffy!

A meu ver esta necessidade de quantificar e qualificar afetos e relacionamentos miscigenados com padrões de figurinos resulta em tremenda piroseira e o que é sexy deixa de o ser porque redunda no mais abominável comportamento humano, preconceito e discriminação. Mais. Colocámos o prazer, a realização e a felicidade emocional como se fossem questões de competição e campeonatos. Enfim, a civilização da informação e do entretenimento é mestre na cultura do vazio. Aliás, não deixa de ser paradoxal, numa sociedade que já nem sequer sustenta o direito à orientação e às tendências, mas reivindica a exploração livre da denominada sexualidade fluída, restando saber se esse conceito e vivência consistem em algo de inaudito absoluto ou apenas reminiscência de práticas e imagéticas socioculturais pré-clássicas e clássicas.
Para mim estética e sexualidade matizam-se na desvinculação e desmaterialização de tudo, quem sabe até no insólito e na bizarria. Se a mente é comprovadamente o maior e mais capaz órgão ou instrumento erógeno do ser humano, porquê limitar a fantasia? Afetos e sexualidade são domínios de aceitação e integração, não são feudos nem apartheids. Não consigo conviver com mentalidades castradoras veiculadas por feminismos e machismos. O desejo e a atração são espaços psicossomáticos e de metacognição de constante surpresa e revelação. Se a biodiversidade existe, porquê limitar a capacidade e liberdade de escolha, à partida?

Desculpem-me a grosseria. Se é para considerar estereótipos, sem objetificar o corpo, mas objetivar a raiz do gosto e das preferências, até porque é salutar que variem consoante o apetite e a vontade, antes de existir uma definição que sem ser absoluta modele o comportamento do sujeito, prefiro os conceitos criados pela pornografia, por serem mais sinceros e mais honestos, aliás, para uma abordagem empírica basta consultar como curiosidade cultural o catálogo de A a Z, de qualquer domain ou tube especializado nesses conteúdos, conforme os seguintes exemplos: TILF, MILF; GILF; BBW; SSBW etc…
Se vivemos sob signo do pós-modernismo, qual é a necessidade de recriminar o amor e o prazer pelas formas que eles assumem?
Qual é a piada de sairmos todos com o físico formatado de uma linha de produção em série, de uma qualquer twilight zone fordista ou toyotista? Perdemos horizontes, margens e latitudes, aborrecidos na diametralidade e parcialidade. Mais importante que tudo, quando formatamos e rotulamos, perdemos de forma irreparável como sociedade e indivíduos, ficamos escravos de pensamento e de escolha, somos menos e somos menores quando pela frente ou por detrás da aparência desconsideramos a pessoa que existe e que merece respeito e dignidade. Nenhum de nós está acima ou abaixo do plano existencial de outrem por méritos físicos, intelectuais ou psicológicos.
Para mim o corpo e figurino de uma mulher nunca serão motivo de repúdio. Claro que como homem procuro algumas características de atração, correspondentes a preferências e gostos, mas na minha diegese existencial tenho-me apercebido que tanto num registo libertino como em regime mais vinculativo e de compromisso, cada vez busco mais, sem contudo conseguir achar, reciprocidade e compreensão.

Mas a questão dos estereótipos de aparência concatenados à sexualidade ainda se torna mais decadente e degenerada pelas interdependências que cria com marketing, franchising, cultura do corpo, mass media, saúde, dieta/nutrição e exercício físico. Não tenhamos ilusões, nem todos vamos conseguir ser fitness. A regra de ouro é estar em forma respeitando os limites fisiológicos e as condições de saúde íntima e pessoal.

Infelizmente prevalecem modas, práticas massificadas e terceiro-mundistas em termos de exercício e desporto. Elas pela silhueta e figurino, eles pela heroicidade e desempenho, emulam performances e distâncias de atletas de alta competição, mesmo depois de um dia repleto de trabalho, desrespeitando a prática funcional, quotidiana, ajustada, por intervalos e variação de tempo e esforço curto a médio. 
Os ginásios e health clubs da treta – sem querer generalizar – embarcam na onda pela oportunidade do negócio, o acompanhamento e vigilância médica estruturados em análises e exames laboratoriais periódicos são uma absoluta miragem, e ao fim de uns meses, lá aparecem casos clínicos, sobretudo entre as praticantes femininas, em resultado de juntarem a esse desregramento da atividade física e do esforço, as intemperanças e os distúrbios alimentares, surgem anemias galopantes e crónicas, órgãos vitais em falência, focos infeciosos resistentes, patologias que podem incapacitar de modo irreversível. 
Estar em forma e na norma da aparência e da elegância exigem recursos e meios, as pessoas ao saberem previamente dos seus limites e das suas condições devem tomar as escolhas mais acertadas, não se violentarem a si próprios por causa do autoconceito e da autoimagem completamente retorcidos e desvirtuados da realidade, do valor, potencial e dignidade que temos e devemos alcançar como seres gregários e dialógicos que somos. Essa dimensão existencial deve primar em primeiro plano, pela saúde e bem-estar físico e psicológico, o equilíbrio e realização profissional, social e afetiva, e na retaguarda claro que todos investimos na frugalidade e qualidade hedónica do figurino e da imagem, no brio, no aprumo, na apresentação, na pose etc… mas sempre na observância da regra dos limites dos nossos limites.  

Todas essas perceções, representações e práticas tornam-se ainda mais saloias quando se rebusca à idiota o aforismo romano “mente sã em corpo são”. Juvenal criador do conceito não estaria mais em desacordo. A sua aplicação prática atual é totalmente azeiteira. Encontrámos egos de mais exacerbados pelos figurinos compaginados com competências, consciência e valores psicológicos e emocionais de menos. Não há de facto um investimento pessoal em estruturas ontológicas e mentais que suportem e se harmonizem com tipos físicos. As pessoas são imediatamente sancionadas e condenadas pela aparência. É uma grande verdade que a cultura exclusiva e desmesurada do corpo e de tipos físicos gera comportamentos de violência no individuo e na sociedade de forma endógena e exógena, corroboradas por episódios tristes e infelizes na História mundial. 
O desenvolvimento do intelecto e da inteligência emocional são tão cruciais como o do tónus muscular. É nesse equilíbrio que radica a nossa liberdade de escolha. Não raras vezes, nesta cultura de vazio em que consiste a valorização do corpo tout court, perante adversidades, problemas de saúde, entre outros que num curto espaço de tempo roubam o figurino, em face da ausência e insuficiência de um carácter e personalidade desenvolvido, ou seja, uma estrutura psíquica de suporte consolidada em referências culturais e afetivas independentemente da sua natureza ética, os denominados absolutos axiológicos, soçobramos em depressão e implodimos a nossa dimensão existencial.

Em conclusão, dad bod, mom bod, sexy girls, metrossexual, tecnosexual, retrossexual, tanossexual, nerd, obeso, magricela, gigantes, anões, e todos os estereótipos de uma forma geral redundam em piroseira e “merdices” porque usurpam a nossa liberdade de escolha e capacidade individualizada e personalizada de olhar, percecionar e interpretar o mundo e ambiente que nos rodeiam, por nós mesmos. No meio de tanta austeridade e apertos não podemos cair no erro de hipotecar essa liberdade.

CA

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