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PIRATES OF CARIBBEAN – Do Pirata ao Autêntico


Proponho uma viagem ao pirata e ao autêntico na trilogia cinematográfica de Piratas das Caraíbas. Assim sendo, confrontemos o que há de ficção e fantástico com o que há de verdade e fundo histórico.
Antes demais é necessário referir as fontes que inspiraram a metragem de Piratas das Caraíbas. As mais importantes radicam na literatura e no cinema.

No que concerne à literatura é mister aportar a atenção no corsário Charles Johnson – pseudónimo de Daniel Defoe
autor de Robinson Crusoe e da História Geral dos Roubos e Assassínios dos Mais Notáveis Piratas (1724), colectânea de "estórias" verosímeis de piratas e corsários ingleses. De igual modo, transparece a inspiração sustentada na obra literária de Robert Louis Stevenson.
É patente ainda a literatura do cunho da jurisprudência, refiro-me às regras de pirataria ("guide lines") criadas por Henry Morgan – pirata de navios Negreiros, nas Antilhas – e que em Piratas das Caraíbas é nomenclado de Código de Pirataria.
Já no que se refere ao cinema é indubitável que o filme que tem como protagonista Geena Davis intitulado A Ilha das Cabeças Cortadas criou escola e sagração, constituindo uma bússola de orientação e baluarte de inspiração para qualquer filme de pirataria, ao qual Piratas das Caraíbas não é excepção.

Quanto à cenografia podemos afirmar que a caracterização das personagens segue à risca a iconografia da pirataria e corso dos séculos XVII e XVIII. Por seu lado as embarcações, armamento e a constante presença e referência aos "mausões" da Companhia das Índias Orientais Inglesa constituem factos e imagens históricas que perpassam nas estórias de fantasia de Piratas das Caraíbas. E podem ter a certeza que esta companhia dava boa conta dos piratas, no argumento do cacete. Foi por ela que a Inglaterra alcançou a posição e poder de "Rainha dos Mares".

Vejamos agora o fundo histórico e o ficcional dos filmes.

No primeiro filme a referência às moedas de ouro Azteca é histórico, já a maldição que recai sobre elas e que apoquenta a tripulação do Black Pearl é ficcional, apesar de tais agoiros  integrarem o folclore marítimo da época das Descobertas e do Expansionismo Espanhol.

No segundo filme embora pareça ficcional o cofre onde se encontra o coração de Davy Jones, assim como a embarcação ou fragata do Holandês Voador e o poder que o capitão desse navio tem sobre o monstro marinho que no filme é denominado de Kragken, mas na historia marítima é chamado de Leviathan são tudo referências mitológicas e imagéticas que pululavam nas mentes de piratas e navegadores dos séculos XVII e XVIII. Assim sendo, encontrámos neste segundo filme a mais perfeita fusão da imaginação histórica com a ficção e fantástico estilo Disney.

No terceiro filme as nove moedas de 8 são uma referência histórica. Não são mais do que o Real de Ocho, moeda espanhola cunhada com prata mexicana, então a moeda de mais valor nos séculos XVI e XVII. O pirata em relação a estas moedas está no facto de as mesmas terem o poder de encantamento e desencantamento da(s) ninfa(s) marinha(s).

A terminar digo que Piratas das Caraíbas é um filme de pirataria que de pirata tem muito pouco, arrisco mesmo dizer que é um maquilhar Disney da História da Pirataria. Contudo quem dera à História poder reclamar a existência de um personalidade tão fascinante e fantástica como a de Jack Sparow. Foi preciso primeiro nascer esse grande pirata dos ecrãs Johnny Depp. É o seu trabalho autêntico de actor que faz desta saga o melhor filme de pirataria até à data. Uma palavra também para a personagem de Barbosa interpretada com muita mordacidade por Geoffrey Rush. Dois autênticos piratas! Se tivesse de encontrar uma referência histórica para estas duas personagens seriam Francis Drake para Barbosa – pirata velho e experiente – e Walter Raleigh para Jack Sparrow – vivaço novo e destemido.

CA

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