Passou-se mais um domingo entre o sim e o não no Portugal dos pequeninos. Ao longo da noite, mais sim do que não. E hoje de manhã inequivocamente sim. Confesso que a malta empenhada me aborreceu francamente quando se mostrou avessa às merecidas férias pós-campanha e prometeu novas "lutas". O sim porque de facto passou um cheque em branco. O não por uma questão de fair-play. Acabam portanto juntos na manutenção do drama de baixa comédia. Resta-nos esperar que os argumentos moderados de ambas as partes não se tenham perdido entre os berros bestiais dos mobilizados, e que, em última instância, haja bom senso em Belém.
O claro vencedor deste prós e contras alargado à nação - ou ao esquerdinamente amado povo - é o português médio e anónimo que se borrifou para o assunto. Em consequência, somos obrigados a concluir que os malabaristas de serviço e a criadagem do costume atingiram tão-só um dos objectivos a que se propunham: lembrar à corte e às aldeias que existem e que aquilo que entendem por pensamento e acção é relevante (passe a falsa modéstia porque em boa verdade é imprescindível) para o desenvolvimento do país, para a evolução da sociedade e para todos os conceitos que os ditos sujeitos invocam quando se lhes aponta um microfone.
O texto que aqui vos apresento passa bem sem a palavra aborto. Eu - e pelos vistos a maioria dos portugueses - também. É pena que a festa continue.
AA
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