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Mensagens

A mostrar mensagens de agosto, 2008

DO MEU UMBIGO COM AMOR – (Pasticho)

Gosto Muito do Meu Umbigo! Quid pro quo ...  À partida, todos nos consideramos as melhores pessoas do mundo, cheios de virtudes, dotes e habilidades.  Adorámos receber elogios por tais feitos, mas é certo que a mesma boca que elogia também sabe ofender. Com efeito, o encómio, o adolo, o panegírico ou o elogio têm os seus opostos no escárnio, na difamação, na calúnia, no prejúrio e infâmia. Standley Kubrik definiu bem essa dialéctica no filme A Clockwork Orange , que tem por tese o facto de todos podemos ser anjos ou demónios. Behaviour breeds behaviour . É uma verdade inquestionável. Se temos um comportamento simpático e empático vamos ser tratados, à partida, de igual modo, se pelo contrário distratamos ou mal tratamos então colheremos idênticas reacções. Se reagimos muito bem ao elogio, já à ofensa protagonizamos atitudes diametral e negativamente opostas. Ficámos irascíveis, violentos e há quem fique deprimido. Somos caudilhos à procura de vendeta. A psicologia e a psiquiatri

HISTÓRIA NO FEMININO – (Crónica)

É lugar comum a ideia de que o género feminino foi sistematicamente dominado e explorado pelo género masculino ao longo da História. Tal parecer é em grande medida falacioso, gizado pelo feminismo exacerbado do 3.º quartel do século XX, que estabeleceu sofismas inverosímeis e generalistas acerca do papel, lugar e acção das mulheres na História de modo a robustecer o seu combate. Comecemos pelo Antigo Egipto. Eram numerosos os tratos diferenciados que se tinham com as mulheres. Foi a primeira civilização a preocupar-se com cuidados de obstetrícia. Em todas as cidades existia a denominada mamisis onde as progenitoras podiam de forma confortável e assistida – nos ditames dos limites científicos e tecnológicos da época – ter os seus partos. De igual modo as mulheres eram livres de ocupar cargos na hierarquia administrativa desde que tivessem o cursus honorum e a formação devida. No Egipto as mulheres não eram tratadas como objectos, pelo contrário, até as bailarinas que animavam as fe

NAMORISCAR: A "ESPIRITUALIDADE" DA GERAÇÃO Y – (Miscelânea)

No dizer do queer mas astuto escritor Óscar Wilde, também ele pertencente de algum modo a uma "geração do milénio" conotada ao fin de siècle , "as mulheres... inspiram-nos o desejo de fazer obras-primas [mudar o m undo] e impedem-nos constantemente de as realizarmos ", ressalvando-se o tom algo misógino. Se nos inspiram a mudar o Mundo não sei, mas não tenho nenhuma dúvida de que um sentimento verdadeiro e sincero de um homem por uma mulher o torna atencioso, solicito e impele-o a ser e a fazer-se um ser humano melhor em todos os planos e vertentes. É esse o poder do amor. Por um lado motivação e por outro convicção. Aprimora-mo-nos para a nossa amada. Durante o encantamento ou paixão imaginamos e mitificamos a ragazza com quem simpatizamos e gostamos. Quando ela está presente as pupilas focalizam toda a nossa atenção nos seus traços, recortes e fisionomia. O flirt , soslaio ou coup d’oeil dominam a mente e os sentidos. Sim. Tem rosto de alabastro, um sorr

NOÉ VS PROMETEU: MODERNISMO E PÓS-MODERNISMO – (Brainstorming)

Todos conhecemos as "estórias" de Noé e de Prometeu. Mas não é objecto do presente texto fazer a sua sinopse. Estas duas figuras são a base da formulação de dois paradigmas ou signos desenvolvidos ao longo da História por eruditos, pensadores, filósofos, cientistas, pânditas entre outros. Assim sendo, coloca-se na actualidade a seguinte questão para reflexão: Hoje vivemos sob o paradigma e signo de Prometeu ou de Noé? O paradigma de Prometeu está associado à ética da exploração, enquanto que o de Noé tem o seu fundamento na ética da salvaguarda. Assim sendo, no caso de Prometeu as palavras de ordem, termos e conceitos consubstanciam-se no explorar, conquistar e dominar. Já no caso de Noé os motes verbais são salvaguardar, preservar e proteger. Os dois paradigmas são antinómicos e diametralmente opostos. Será que é possível identificar e observar estes dois paradigmas ao longo da História? A resposta é afirmativa. Com efeito o paradigma de Prometeu é sinónimo de Modern

JACK JOHNSON – Panegírico

O álbum musical de Jack Johnson (JJ) In Between Dreams constitui a minha estação musical de Verão. Por vezes penso que por poderes mágicos as músicas se imbricam e como por simbiose incorporam o ambiente e atmosfera estival. Sabe bem respirar tais melodias simples e calmas. É co n sabido que a música é uma musa que inspira emoções e sentimentos ao ser Humano. As diversas melodias do álbum têm pautado e embalado os meus lifetimes e os meus desejos mais secretos. Sinto júbilo ao escutá-las pela calma e tranquilidade que inspiram. Não me refiro aquela calma narcótica de "drunfados" embalados por este tipo de música. A fruição é natural e releva-nos para um plano existencial que nos predispõe para aproveitar e compreender o tempo e espírito de férias com todos os prazeres, relax ou lazer que essas podem proporcionar. Desde logo o convívio e confraternização alegre e brincalhona com os amigos com direito a palhaçada, ou em tom mais sério o simples pôr da conversa em d

HÁ VIDA NA LUA! – (Introspecção)

É noite. A madrugada transforma-se em vigília. Estou inquieto e ansioso. Desejava que a minha mente fosse tão clara como a folha de papel em que escrevo... Nunca fui dado a tiques pedantes mas há momentos em que penso que a vida é tédio, a beleza enfada e a felicidade aborrece... Sempre gostei de dialogar com a Lua... Acho que ela me compreende ... Tal como a Lua a minha alma e espírito tem as suas crateras... Todo o ser humano deveria de ter uma atmosfera que o protegesse... Nesta noite sinto-me como a Lua, completamente volátil e vulnerável às poeiras, ventos, asteróides e meteoros existenciais. Sinto-me a flutuar, perdi a gravidade, encontro-me completamente em órbita. Uma lamentação invade a minha mente. Quem me dera ser uma Lua de Saturno ou de Júpiter. Mas não, estou preso à Terra. É certo que é um grande feito histórico o Homem ter chegado à Lua... Mas N. Amstrong que me perdoe... Identificando a minha alma e espírito com a Lua gostava que fosse uma mulher a chegar à Lua! Ma

DOGVILLE – Nicole Kidman

Dogville é um filme de Lars Von Trier, datado de 2003, classificado como uma película que consagra ou reúne os estilos de drama, thriller e mistério.  Contudo, estou convicto que tal caracterização é insuficiente, porque descreve o filme ao nível meramente operativo e comercial. Na minha maneira de ver Dogville é uma peça de teatro dividido em actos e rodada em 35 mm , o que por si só é uma ideia original, mas não está ao alcance da compreensão e do olho de todos . C omo filme procura provocar no espectador um desequilíbrio cognitivo que o leve a reflectir sobre a tese e os teoremas projectados. Acrescentando mais alguns dados poder-se-á referir que Dogville faz jus ao cariz da produtora cinematográfica que o realizou e comercializou, a saber: New Age Entertainment . P or outro lado, remetendo-me às minhas palavras e entendimento, afirmo que se trata de uma peça que procura ilustrar a complexidade da natureza humana e por esse motivo para quem tiver paciência para a visionar

NOSTALGIA NO SOLSTÍCIO – (Introspecção)

Saudosismo e nostalgia! Nos últimos dias, tenho atravessado uma crise de saudade sem precedentes. Pela primeira vez sinto esvair a força anímica... Já há algum tempo invade-me o sentimento de perda de um lugar e ambiente edénico. Sinto falta de tudo e de todos... do ânimo, do bem, do belo e da verdade. Apesar de todo esse cocktail sentimental, paradoxalmente sinto força e confiança, sem receio de nada nem de ninguém. No entanto, o sentimento de saudade dessa realidade é notório e vincado. Vou ter de ajustar contas com a vida e pedir-lhe satisfações. Sinto-me vários, totalmente despersonalizado, perdido na minha identidade. Estou na anomia, cheio de incertezas mas não de inseguranças. Perdi poder e liberdade de expressão, assim como o desejo de o fazer. Só me apetece recordar e encastelar-me na minha realidade edénica. Não vou deixar que ninguém me leve a olvidar e esquecê-la, nem que para isso tenha de cavar uma trincheira emocional ou recorrer a uma armadura para blindar a alma

PRECONCEITO DA NORMALIDADE – (Reflexão)

A "normalidade" não existe, é um mito social e urbano personificado na forma de preconceitos. Na realidade, a essência e natureza das relações humanas baseia-se na "anormalidade". O que é um preconceito? O preconceito não é nada mais do que um "pré-juizo", uma ideia pré-concebida que geralmente possui uma componente emocional forte e personalizada assumindo-se para a pessoa que o possui como uma verdade dogmática, sem contudo o ser, até porque na maior parte das vezes é manifestamente falso. Assim sendo, o que será o preconceito da normalidade? Não é nada mais do que um pré-juizo alojado na memória, carregado de forte componente emocional conotativa e dotado de  subjectivismo sobrepondo-se à ideia mais do que verdadeira de que a natureza humana afigura-se diversa. Portanto, o preconceito da normalidade viola a ideia de diversidade, que deveria reger todas as relações. Na perspectiva gnosiológica, a ideia de normalidade é uma utopia e em termos antropo

EPIFANIA – (Introspecção)

Adoro e venero a metamorfose provocada em mim pelo crepúsculo: desde alterações pélvicas até mutações lunáticas e esotéricas extremas de personalidade e humores, expondo todas as antinomias. Fico num estado de demência prodigiosa, esquizofrênica, neurasténica, sistémica, patológica e infecto-contagiosa. Adoro sentir tal bacilo de tão nobre estirpe. Sentir o furor a clamar o meu espírito e esse a dispor discricionariamente e a fruir do corpo inerte dando-lhe animação e criatividade num culto de exortação psicossomático perverso e frívolo de puro êxtase e excitação tendente para o choque dialógico de todos os interlocutores que contactem com esta alma empedernida de alcólita e que os vicia no puro desejo de pecado concupiscente e cujo o ar transformado em energia hílica preconizado pelo seu pérfido aparelho fonético incute em palavras apelativas de uma decadência tétrica e mórbida vestida com a roupagem recíproca do burlesco sexual licencioso e dissoluto cujo a luxúria é o mecanismo pel