Avançar para o conteúdo principal

Mensagens

A mostrar mensagens de 2017

A CRISE DO PERNIL – (Crónica)

  Séculos volvidos, depois de nos recusarmos a levar nas canelas dos franceses por meio do Bloqueio Continental, mas de descruzarmos as pernitas para os ingleses, desbotando o orgulho pátrio através das cores de um mapa que, ainda por cima, era cor de rosa, as gentes de brandos costumes deram o troco ao boicotarem a mercancia do pernil. Tal incidente, além de demonstrar que este mundo se encontra autenticamente de pernas para o ar, decerto colocou a titubear algumas das perninhas da gerigonça. Nestas coisas de passar a perna, se Bolívar imaginasse que os seus esforços libertários culminariam em mais dentada ou menos dentada num pernil de Seia, jamais empreenderia qualquer iniciativa revolucionária de descolonização, limitar-se-ia a esticar o pernil perante tamanha trivialidade. Bem, pernas para que te quero à parte, nada melhor do que a noite de réveillon estar aí mesmo à perna, para compensar toda e qualquer angústia de degustação. Vai uma perninha de dança?

LITTLE BIG TOWN – When Someone Stops Loving You

  Little Big Town , músicas para quem, de forma absoluta, já ultrapassou a bacoquice de sobrevalorizar os figurinos e, diariamente, descobre a qualidade hedónica dos relacionamentos pessoais, da confraternização, da amizade, do amor, nas suas ambivalências ou imperfeições.   O videoclipe da canção When Someone Stops Loving You – lançado em 6 de novembro – comprova, novamente, a apetência do quarteto de Nashville, Tennessee, para interpretar baladas country intimistas e harmoniosas. Com efeito, a melodia noir e , incluída na 11.ª faixa do alinhamento do álbum The Breaker , o mais recente de LBT, divulgado no primeiro trimestre do ano, reproduz a sonoridade e ambiente nostálgico que retratam o estado emocional intrínseco à “coita de amor”: desgostos ou desencontros amorosos para os menos familiarizados com a universalidade multissecular das trovas de amor.   LBT canta a frugalidade da vida, distancia-se do vazio e claustrofobia digital subjacente à pop culture ,

REGRESSO ÀS AULAS – (Reflexão)

Regresso às aulas. Estas coisas também acontecem aos professores, não é mero fado – ou, para alguns docentes e discentes, enfado – dos mais petizes. Primeiro dia como professor dos moçoilos. Retempero o meu ar ensonado com os raios de sol que irrompem pelos frisos da janela do quarto, porque esta rotina de ensinar é como deixar os maus hábitos ou boa-vida de solteiro. O fado rebuliço de Ana Moura dá o mote: « Cada dia é um bico d’obra (…)». A cabeça matuta no dogma pedagógico-didático “ never smile before Christmas ”, temeroso de pirralhos, fedelhos e enfants terribles , pseudofobias ministradas pela mentalidade mais corriqueira das psicologias da educação ou psicologia das emoções e comunicação que, pretensamente, auxiliam as experiências de ensino-aprendizagem, quiçá saudosistas de se dar a mão à palmatória, conquanto a minha vontade se incline mais para o aforismo humanista de Eleanor Roosevelt (1884-1962): « The future belongs to those who believe in the beauty of their drea

CADERNITOS DE PASSATEMPOS – (Sátira)

Aquela editora do Porto, essa corja sexista, alvo da polémica semanal. Postulo a educação para a diversidade. Fico atónito com a incongruência – talvez charlatanice – dos paladinos que a querem promover e, ainda mais, com o charivari reproduzido pelos meios de comunicação social ou, porventura, nem isso, meros apensos de reality shows que, ao rezarem as manhãs, tentam mandar a sua néscia colher de chá. Por estes dias, de forma repentina, o país voltou-se para o Portugal dos p equeninos, porque uns quantos petizes andavam entretidos com passatempos cor-de-rosa para meninas e em tons de azul para rapazes, em suporte livro, imaginem se fossem apps ou qualquer bugiganga virtual para ipad ! Tudo isto no mundo em que alguns dos graúdos brincam de namorar ou desdenham com um simples deslizar de dedo para a direita ou para a esquerda, respetivamente. Dou de barato que “cadernos de passatempos” didáticos, mesmo sem fins ou aplicação escolar, não devem de plasmar nívei

DUNKIRK – Cristopher Nolan

[ Spoiler alert ] Dunkirk – estreia em cinema, desde 20 de julho, em Portugal – representa o drama de guerra que recria o “espírito” ou «milagre de Dunquerque», conforme o epíteto batizado pelo carismático líder e primeiro ministro inglês Winston Churchill (1874-1965), por forma a enaltecer a resiliência, diligência e o altruísmo que, no contexto beligerante inicial da II Guerra Mundial (1939-1945), mobilizaram as tropas aliadas a par de alguns civis a desafiarem as adversidades e os perigos infligidos pela derrota contundente na violenta batalha anfíbia e aérea de Dunquerque – pequena cidade portuária na costa norte de França, nas cercanias do entreposto geoestratégico de Calais e rota de acesso ao Canal da Mancha –, decorrida entre 25 de maio e 4 de junho de 1940, no intuito de resgatarem e evacuarem mais de 338.000 soldados, de um total de 400.000 militares pertencentes aos exércitos francês, belga, polaco, dos Países Baixos e, sobretudo, do Império Britânico, conquanto o plan

WOLVES – Rise Against

Wolves – lançado em 9 de junho – representa o 8.º álbum de estúdio de Rise Against, talentosa banda norte-americana de Punk-Rock e Punk-Hardcore , sediada na cidade de Chicago, no Illinois, fundada e influenciada pelo contexto sociocultural controverso da viragem do milénio, concretamente em 1999. A sonoridade de Wolves plasma equilíbrio entre a agressividade e efeito melodioso característicos da idiossincrasia musical granjeada por Rise Against, pelo que o trabalho discográfico aprimora, de modo cumulativo, tanto o registo de som como a mundivivência dinamizados pelo quarteto iconoclasta de Windy City. Wolves , fazendo jus à iconografia da banda, oferece um punhado de músicas cativantes, compostas por riffs impactantes, ritmos vívidos e entusiastas de índole Rock, a par de acordes, coros e solos de guitarras elétricas estridentes mas harmoniosos, acompanhados por vocais de feição expressiva e melodiosa – bem ao estilo do Post-Punk Revival – que, conforme a naturez

TURN: WASHINGTON'S SPIES – 4.ª Temporada

  TURN: Washington's Spies – estreia em televisão, 4.ª e última temporada, desde 17 de junho – representa, na forma de drama de época, o contexto histórico da Revolução Americana após a Declaração de Independência de 4 de julho de 1776, pela perspetiva dos jogos de espionagem e ações de sabotagem perpetradas por agentes a serviço do Exército Continental, sob a égide do general George Washington (1732-1799), face ao Exército Britânico, defensor dos interesses ou pretensões da coroa, reino e império ultramarino de Jorge III (1738-1820). A minissérie, produzida e transmitida pelo canal AMC, baseia-se no estudo historiográfico Washington’s Spies: The Story of America’s First Spy Ring , do investigador Alexander Rose. Na essência, TURN retrata os aspetos mais insidiosos sobre a realidade da guerra de independência empreendida pelas 13 colónias inglesas da Costa Leste da América do Norte, entre 1775 e 1783, através do ambiente maçónico, tramas e secretismo intrínsecos à rede

ONE MORE LIGHT – Linkin Park

One More Light – lançado em 19 de maio – representa o 7.º álbum de estúdio de Linkin Park. A sonoridade imerge no núcleo duro melódico das baladas criadas e interpretadas pela banda californiana. O trabalho discográfico plasma a aparente inversão da identidade musical, na medida em que se demarca das características pesadas da matriz Nu-Metal de fusão, para se situar nas tendências, modas e cosmopolitismo da Pop-EDM – Electronic Dance Music – a par da eufonia mainstream da Eletro-Pop . A envolvência sui generis sustentada no equilíbrio entre a distorção atonal e o efeito harmonioso granjeado pelas canções de Linkin Park, resultante do sincretismo do Metal Alternativo com outros géneros musicais, tais como Rap-Rock , Rap-Metal , Hip-Hop , Electro , Indie-Rock , Rock Alternativo , Heavy Metal , mais algumas influências do Post-Grunge e inclusive do Trash , cede lugar a ritmos mais leves, apropriados ao verão, propensos a animar uma sunset party ou qualquer outra forma de e