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BLACK SAILS – 4.ª Temporada


Black Sails – estreia em televisão, 4.ª temporada, desde 29 de janeiro – personifica, na forma de série, as aventuras dos piratas e corsários do porto-bastião de Nassau, nas Antilhas ou mar das Caraíbas, em meados do 1.º ao 2.º quartel do séc. XVIII. 
Produzida e transmitida pelo canal norte-americano STARZ, a 4.ª temporada representa a última oportunidade para os fãs e admiradores desfrutarem das aventuras lendárias, dado que a sua realização não foi renovada.

Black Sails constitui a prequela do imaginário literário suscitado pelo romance A Ilha do Tesouro – publicado em 1883 –, do escritor escocês Robert Louis Stevenson (1850-1894), sobretudo através das personagens principais Capitão James Flint (Toby Stephens) e Long John Silver (Luke Arnold), mais a personagem secundária Billy Bones (Tom Hopper). De igual modo, o ambiente e cenografias sugerem algumas influências do romance Robinson Crusoe – publicado em 1719 –, do escritor e jornalista inglês Daniel Defoe (1660-1731).
Nas perspetivas do drama de época e da ficção associada à História Marítima universal, Black Sails retrata de forma verosímil – por maior surpresa que possa causar no telespectador, face à natureza “hardcore” do enredo – a era dourada da História da Pirataria nas Índias Ocidentais, em virtude de a diegese se sustentar nos feitos de piratas ou corsários reais, tais como:

– Anne Bonny [1702-1782]: atriz Clara Paget;
– Charles Vane [1680-1721]: ator Zach McGowan;
– Benjamin Hornigold [1680-1719]: ator Patrick Lyster;
– Jack Rackham aka Calico Jack [1682-1720]: ator Toby Schmitz;
– Edward Teach aka Barba Negra [1680-1718]: ator Ray Stevenson;
– Capitão Woodes Rogers (1679-1732): ator Luke Roberts.
 
Black Sails efabula, ao valorizar o folclore e as lendas que se conglomeram com a realidade histórica. 
A aventura ganha outra dimensão a partir da 3.ª temporada, por integrar a valentia, a astúcia, o engenho e os estratagemas protagonizados pelo temível Barba Negra, proporcionais à escalada bélica dos antagonismos entre os piratas de Nassau –  considerado reduto do corso e pirataria no Estado Colonial Britânico de New Providence, nas Bahamas – e o Império Britânico, tanto no âmbito militar da Royal Navy como no domínio das atividades comerciais e paramilitares da Companhia Inglesa das Índias Orientais. 
Mais. Tais características dramáticas repercutem-se na maior intensidade da ação e na melhor composição virtual ou efeitos especiais que encenam os confrontos marítimos, aspetos contrastantes com a sobrevalorização das cenas de brigas e libidinosas equivalentes a violência e nudez gratuitas, personificadas nas duas primeiras temporadas, certamente no intuito de despertar a curiosidade, o interesse, fidelizar e vocacionar o espetáculo televisivo para o público adulto, distanciando-o do cariz infantojuvenil de A Ilha do Tesouro, mas que acabam por prejudicar a dinâmica da série.



No global, Black Sails representa, no estilo de aventura, um bom drama de época sobre os conflitos ou as intrigas que envolvem os piratas de Nassau, o Império ou Talassocracia Britânica – condição político-militar conotada ao estatuto ou epíteto de “Rainha dos Mares” –, e a Espanha enquanto potência marítima colonial, representada nos galeões ou urcas carregados de ouro e prata “mexicanos” – fustigados e açambarcados por pirataria –, a serviço da administração comercial e navegação ultramarinas da Real Casa de La Contratación de Indias, sediada em Sevilha, bem como pela armada destacada e aportada na Capitania Geral de Havana, em Cuba. 
Em suma, na perspetiva simbólica das motivações antropológicas, axiológicas e mundivivência pós-modernas, Black Sails catalisa o choque de civilizações ou de vontades entre o Velho Mundo etnocêntrico e o Novo Mundo multicultural.

CA

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