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TRILOGIA BATMAN – Cristopher Nolan; Christian Bale (2005-2012)


Batman Begins (2005) Batman The Dark Knight (2008) e Batman The Dark Knight Rises (2012) formam a trilogia épica da mais recente ficção cinematográfica de Batman, actualizando a estória do super-herói através do cunho do realizador Cristopher Nolan.
Os novos filmes de Batman primam pela mudança e renovação, sobretudo em razão de conferirem à saga alto grau de realismo. As versões anteriores – em especial as dirigidas por Tim Burton – modelavam-se pelo rocambolesco e fantasia. A abordagem actual pauta-se pelo grau de verosimilhança atribuído à trama e ao enredo, atributos que personificam o próprio espírito de Batman, o super-herói sem super poderes que demonstra as suas capacidades heróicas mediante a argúcia como estratega, perícia marcial e utilização de tecnologias de ponta ou de última geração

Esse realismo resulta sobretudo das cenografias que conciliam o virtual com o real, sem privilegiar apenas a montagem e composição em estúdio. Com efeito, a gravação e produção de grande parte das cenas decorreu do pano de fundo proporcionado por cenários reais, de forma a servirem como modelo para representar ou encenar a infame megalópole de Gotham. Nesse sentido, os dois primeiros filmes – Begins e The Dark Knight – serviram-se da cidade norte-americana de Chicago, enquanto que o último – The Dark Knight Rises – recorreu às cidades de Nova-Iorque e Pittsburgh. No plano da tecnologia, Batman descarta as tradicionais gadgets, porquanto o seu apanágio técnico se sustenta em equipamentos próximos da realidade.

Além das mudanças, subsistem certos aspectos dramáticos estruturantes. Desse modo, para lá das espectaculares cenas de acção e aventura, prevalece o efeito de thriller psicológico e sociológico característicos dos filmes Batman. Questões de livre arbítrio; paradoxos psicológicos; limiares entre o bem e o mal; decadência; corrupção; culpa; coragem; medos; fobias; vilania e heroicidade; etc... continuam a qualificar o universo valorativo, axiológico e cognitivo gerado pelas personagens, assim como explorado no enredo. Do mesmo modo, permanecem as facetas pública e particular de Bruce Wayne/Batman. Na primeira, que serve de fachada, surge descomprometido de tudo, profundamente hedonista, niilista e playboy, enquanto no segundo perfil, por detrás da máscara de super-herói, assume comprometimento com a verdade e a justiça de forma proficuamente altruísta. 

No plano de concretização da trilogia, denota-se grande intercâmbio ou influências entre os filmes Batman, sobretudo os de 2008 e de 2012, e a longa-metragem Inception (2009), do mesmo realizador, Cristopher Nolan, desde logo a atmosfera épica catalisada pela banda sonora, dinamizada através da parceria proficiente com o exímio compositor Hans Zimmer, bem como as rotinas de elenco dos actores e actrizes – Marion Cotillard; Tom Hardy; Joseph Gordon-Levitt; Cillian Murphy; Ken Watanabe –, a par da predilecção que o cineasta transparece por cenários citadinos íngremes, os quais não resiste a implodir e desmoronar.

Os três filmes contam com elencos de luxo nas personagens principais:
Christian Bale: o protagonista, no papel de Batman/Bruce Wayne.
Heath Ledger: Joker.
Michael Caine: o mordomo Alfred.
Liam Neeson: Ra's Al Gul.
Morgan Freeman: Fox.
Aaron Eckhart: Harvey Dent/Two Faces.
Gary Oldman: Comissário Gordon.
Tom Hardy: Bane.
Cillian Murphy: Crane.
Anne Hathaway: Selena/Catwoman.
Marion Cotillard: Miranda (filha de Ra's Al Gul).
Katie Holmes: Rachel.
Maggie Gyllenhaal: Rachel.

Nessas personagens principais, realçam-se certos desempenhos. Em plano destacado, no segundo filme, Heath Ledger, como Joker, rubricou uma interpretação extraordinária, retirou mesmo preponderância à personagem de Batman
Por seu turno, Comissário Gordon representa uma personagem fundamental, muito bem construída e interpretada para o realismo do enredo. 
Selena/Catwoman deixa algumas dúvidas. Subentende-se a identidade entre a personagem e o cognome Catwoman, visto que Selena é uma ladra profissional dotada de certas capacidades, destreza e agilidade. No entanto, não se percebe a relação com o adereço das orelhas de Catwoman, na medida em que não há qualquer tipo de conotação entre a personagem e o "totem" (gato/a), ao invés do que sucede com os morcegos, no caso de Batman.
O restante elenco de apoio está longe de se constituir por actores e actrizes desconhecidos.

A concluir, fica a apologia para desfrutar de três filmes épicos, bom entretenimento assente em grandes desempenhos de todos os actores e actrizes, recriando de forma exímia o universo complexo de Batman e da cidade de Gotham

CA

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